terça-feira, 30 de novembro de 2010

Chineses sedentos de petróleo brasileiro



29 de novembro de 2010 | 21h19
Raquel Landim /estadao.com.br
Em setembro, os chineses importaram 1,4 milhão de barris de petróleo por dia de todos os países do mundo. Não é brincadeira.
Os Estados Unidos continuam sendo o maior consumidor global de petróleo, mas se considerarmos todas as formas de energia, a China já assumiu a liderança. Segundo a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), a demanda chinesa deve crescer 5,14% em 2011, muito acima da alta média prevista de 1,36%.
O Brasil é uma parte muito pequena desse complicado quebra-cabeça do petróleo, mas deve ganhar relevância quando as megarreservas do pré-sal começarem a sair do fundo da terra.  Mais uma vez o destino do País está atrelado ao da China, que já é o grande comprador de soja e minério de ferro brasileiros. A aposta de dez entre dez analistas é que Pequim deve se tornar o maior investidor e o maior comprador do petróleo do pré-sal.
De janeiro a setembro, os chineses importaram 179,5 mil barris por dia do Brasil – um montante insignificante para o gigante asiático, mas importante para nós. Em volume, foi um aumento de 125% em relação ao mesmo período de 2009. Em receita, que inclui o efeito do forte aumento do preço do petróleo, a alta chega a 273%!
Os chineses ainda não são o nosso maior comprador de petróleo, mas falta pouco. Os americanos só continuam na frente quando é contabilizado o petróleo enviado a pequena ilha caribenha de Santa Lúcia e depois embarcado para os EUA. (Desconheço os motivos pelo qual a Petrobrás faz essa triangulação. Questionei a estatal sobre o assunto, mas não tive resposta).
Os chineses vão aos poucos “amarrando” seus fornecedores de matéria-prima. O aumento das exportações brasileiras de petróleo para a China é resultado do contrato entre Sinopec e Petrobrás. Para conseguir um empréstimo de US$ 10 bilhões com o China Development Bank, a estatal se comprometeu a entregar 150 mil barris de petróleo por dia. Tudo é feito a preços de mercado, ou seja, o Brasil não perde dinheiro, mas a China tem preferência.
O gigante asiático também está avançando na prospecção no País. A Sinochen comprou 40% do campo de Pelegrino, controlado pela norueguesa Statoil. A Sinopec fez um aporte de US$ 7,1 bilhões na filial brasileira da Repsol. E é bastante provável que os chineses comprem a participação que está à venda da OGX, de Eike Batista.
Segundo uma matéria publicada pelo Wall Street Journal,  “nenhum lugar do mundo” é comparável ao frenesi do Brasil para a exploração do petróleo em águas profundas – principalmente depois do desastre ambiental do Golfo do México. Os chineses sabem disso. E estarão cada vez mais presentes por aqui.
“O investimento da China não é ruim, mas temos que ter cuidado para não ficarmos presos a um país complicado”, disse ao blog Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Ele tem toda razão.

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