quarta-feira, 31 de julho de 2019

SP lança “IPT Open Experience” e facilita parcerias público-privadas, SP Gov

Projeto inédito conectará empresas, startups e pesquisadores em um único local, promovendo o desenvolvimento econômico do Estado
Qua, 31/07/2019 - 13h46 | Do Portal do Governo 
O Governador João Doria lançou nesta quarta-feira (31) o “IPT Open Experience”, programa inédito de parceria entre o setor público e privado realizado pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), ligado a Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico (SDE).
“O Programa IPT Open Experience vai conectar startups, pesquisadores, órgãos de governo municipais, estaduais e também o governo federal. E não tem referência melhor do que o IPT”, comentou o Governador Doria.
“São Paulo é e será cada vez mais sinônimo de inovação e tecnologia. Essa é a orientação que temos dado a todos nossos Secretários, Secretárias e Dirigentes de estatais, mais tecnologia, menos papel, mais agilidade, mais eficiência e menos burocracia”, afirmou.
O programa vai abrir o campus do IPT para as empresas instalarem seus próprios centros de inovação ou participarem dos HUBs, envolvendo startups, clientes, fornecedores, universidades, centros de pesquisa, investidores, pesquisadores e órgãos de governo no mesmo ambiente.
O IPT Open Experience é destinado para empresas de todos os portes e quaisquer setores econômicos que demandem soluções com alta intensidade tecnológica. A meta do programa é gerar novos produtos e soluções inovadoras por meio da conexão entre todos os elos da jornada da inovação em um único local.
O programa faz parte da primeira fase do projeto CITI – Centro Internacional de Tecnologia e Inovação, o mais avançado ambiente e atmosfera de criatividade do Brasil, que tem como foco o desenvolvimento e aplicação de tecnologias de hardtech (alta intensidade tecnológica).
O IPT Open Experience vai funcionar de duas maneiras:
• Centros de P&D – Onde as empresas com atividades em P&D terão a oportunidade de criar centros próprios de pesquisa aplicada, em qualquer área de atuação, conectados à infraestrutura de tecnologia e negócios do IPT.
• Hubs de Inovação – Ambiente de inovação aberta criado para solucionar desafios tecnológicos das empresas por meio da interação com startups, pesquisadores, universidades, órgãos de governo e outros atores do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação. Serão oferecidos diversos suportes para captar fomento à inovação, estruturação de projetos tecnológicos, envolvimento de instituições científicas parceiras, uso de laboratórios, qualificação profissional, espaço físico, busca de startups para projetos, dentre outros serviços.
O objetivo do IPT Open Experience é tornar-se o principal catalizador dos desafios de inovação das empresas, conectando suas demandas com as soluções tecnológicas do IPT e de uma ampla rede de instituições parceiras como USP, ITA, Unicamp, Unesp, Unifesp e Hospital das Clínicas.
O programa vai atuar alavancando o ecossistema de Inovação da maior concentração de universidades e centros de pesquisa aplicada da América Latina.
A ideia é promover o desenvolvimento econômico do Estado de São Paulo, gerando novos negócios e empregos de qualidade, fortalecendo a conexão da pesquisa tradicional com a aplicada para acelerar a transformação de tecnologias em produtos e serviços para o mercado.
Indústria 4.0
O IPT, em parceria com o Fórum Econômico Mundial e com o Ministério da Economia do Brasil, inicia em agosto a implementação de um projeto piloto para a adoção de tecnologias da 4ª revolução industrial em pequenas e médias empresas para aumento de produtividade.
Esta parceria é o primeiro passo para que São Paulo receba a filial do Centro de 4ª Revolução Industrial do Fórum Econômico Mundial.

Inferências acerca do leitor de jornal, FSP

Ao contrário do resto do país, você não está no WhatsApp

Querido leitor de jornal, você é, antes de tudo, um excêntrico. Ao contrário do resto do país, você não está no WhatsApp. Isso, por si só, denota, senão persistência, alguma excentricidade. Olhe à sua volta. Se houver alguém, está no WhatsApp. Caso pareça que está trabalhando, deve estar no WhatsApp web, invenção que tem por único objetivo deixar fingir que se está trabalhando. Você tampouco está na labuta, é verdade —mas existem muitas formas de não trabalhar, e de todas elas você escolheu ler um jornal. 
Você tampouco está no Instagram, o que faz de você um excêntrico do tipo subversivo. Os excêntricos mainstream, neste exato momento, estão caçando “likes” com fotos de sapato sobre azulejo. Você decerto não está no Twitter, e isso garante que você não é o presidente da República —o que é uma sorte danada. Vale celebrar.
Ilustração
Catarina Bessell/Folhapress
Caso você tenha um jornal de papel nas mãos, alguém tentará inferir que você tem idade avançada. Ledo engano: os leitores mais velhos estão todos no Facebook. Você já deve ter percebido: a rede social de Zuckerberg tomou o lugar do bingo. Você, leitor analógico, não é necessariamente velho, mas certamente é vintage. Você tem nas mãos uma relíquia com os dias contados, como quem segura um canudo de plástico —e não se importa com isso.
Mesmo que você esteja lendo este texto no computador: posso garantir que você é, no mínimo, extravagante. Não bastou ler a manchete. Você clicou num link. Nos dias de hoje, uma percentagem ínfima dos leitores vão além da manchete. E não lembro onde foi que li isso, mas deve ter sido numa manchete.
E mais, de todas as partes do jornal, você está lendo uma crônica. Isso faz de você um excêntrico subversivo do tipo diletante. Se bem lhe conheço, você não perde tempo com nada que pode servir para alguma coisa.
Você parou um tempo do seu dia pra ler um texto que não informa nem edifica, escrito por um sujeito que não estudou para isso. E mais: você chegou ao fim —a duras penas, talvez, mas chegou. Pode ser um sinal dos tempos, mas hoje em dia fico emocionado com esse tipo de coisa. Olha só que coisa bonita: nós dois aqui, perdendo tempo juntos. É para você, meu igual, meu irmão, que volto a escrever aqui na Folha. Uma coisa eu garanto: não vai lhe acrescentar nadinha. Eu sei que você gosta. Caso contrário não estaria aqui, conversando comigo nesse não-lugar do espaço-tempo —enquanto o mundo desaba ao redor.
Gregorio Duvivier
É ator e escritor. Também é um dos criadores do portal de humor Porta dos Fundos.

Segurança dos dados é unicórnio digital, Maria Inês Dolci, FSP

Depois da confirmação de que inúmeras autoridades tiveram celulares hackeados, ficou claro que qualquer pessoa pode ter suas ligações telefônicas e mensagens interceptadas. Se fizeram isso com ministros, parlamentares e integrantes do Judiciário, o que não fariam conosco? 
Não há efetiva proteção de dados no Brasil, e o sinal do celular parece funcionar melhor nas penitenciárias do que na maioria das capitais e cidades de porte médio. Segurança de dados, portanto, é tão real quanto o unicórnio, aquele simpático animal fabuloso, cuja cabeça tem um chifre comprido e enroscado.
Antes que alguém se pergunte o que tal situação tem a ver com defesa dos direitos do consumidor, lembro que nossos dados cadastrais, bancários, fiscais e de saúde deveriam estar protegidos de invasores digitais. Deveriam, mas não estão.
Agora, as operadoras de telefonia decidiram bloquear chamadas do aparelho do cliente para sua própria linha. Mas e quanto aos golpes ainda não divulgados, com os quais nem sonhamos? O que é feito para assegurar a confidencialidade das conversas telefônicas e por intermédio de mensagens?
Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi sancionada recentemente pelo presidente JairBolsonaro. Dentre outras providências, determina a criação da Autoridade Nacional de Proteção de Dados. O Marco Civil da Internet, que regula o uso da web no país, completou cinco anos recentemente. Trata de temas como neutralidade da rede, privacidade, retenção de dados etc.
Portanto, a questão não é falta de legislação, e sim falha na segurança contra os invasores. O cibercrime, lamentavelmente, anda sempre à frente dos esforços para combatê-lo. 
O que o consumidor pode fazer neste cenário é desconfiar ainda mais das garantias de privacidade e de sigilo. Uma das sugestões é não informar jamais dados bancários (banco, agência, conta-corrente, CPF) em mensagens instantâneas de texto, áudio ou via e-mail. 
Além disso, deve abster-se de comentar intenções de compra, planos de viagem e detalhes sobre negócios em andamento. Há que mudar as senhas constantemente. Usar um antivírus no desktop, laptop, tablete e smartphone. Não clicar em links nem abrir arquivos que não tenham sido previamente solicitados, ou cujo envio não foi combinado anteriormente. 
Temos, também, de redobrar a triagem dos convites recebidos no Facebook, por exemplo. A pessoa que quer ser sua amiga é conhecida? Seu perfil tem foto e informações recentes? 
Se já éramos cautelosos, devemos ser ainda mais desconfiados e previdentes. Não digitar nada contando com a inviolabilidade das mensagens. Ao contrário, só escrever ou dizer aquilo que possa ser divulgado publicamente. Ter cuidado até com brincadeiras aparentemente inofensivas. 
Estamos na vitrine e, por enquanto, somente pensamentos são seguros. Mas, atenção: por enquanto! 


Maria Inês Dolci
Advogada especialista em direitos do consumidor, foi coordenadora da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor).