segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Lama da Samarco: somente um desastre ou uma oportunidade econômica?, do Portal do Geólogo




Publicado em: 13/11/2015 14:39:00 


A barragem rompeu, a catástrofe se espalha ao longo do Vale do Rio Doce deixando como herança dezenas de milhões de metros cúbicos de lama ferruginosa. Uma lama que vai matar o rio, sua flora e fauna e que deverá inviabilizar o cultivo nas áreas afetadas.

A pergunta proativa que devemos fazer é: o que fazer com essa lama?

Remover e estocar ou será que essa lama, ao invés de uma maldição, não pode ser o início de uma atividade econômica de grande impacto positivo na população atingida?

Existem formas de transformar esta lama em riquezas?

A resposta é sim!

Rejeitos de minas de minério de ferro vêm sendo objeto de estudos em vários lugares do mundo e podem ser usados como matéria-prima de vários produtos industriais, alguns nobres como veremos abaixo.

Na China os rejeitos de minas de minério de ferro estão sendo usados, com sucesso, em concretos de ultra-alta performance os UHPC. Os chineses chegaram a conclusão que a lama dos rejeitos na proporção de 40% melhoram as propriedades físicas do concreto aumentando a flexibilidade dos mesmos.

Na Nigéria resultados altamente positivos foram obtidos com rejeitos de 20% de ferro misturados ao concreto.

Vários estudos sobre o uso de rejeitos de minério de ferro em concreto foram feitos e publicados no International Journal of Research in Engineering and Technology. Estes estudos concluíram que o concreto aumenta sua resistência à compressão e flexão.

Os indianos chegaram às mesmas conclusões recomendando o uso de lama ferruginosa nos concretos.

Além do concreto existem várias outras aplicações que usam a lama ferruginosa.

Um estudo feito na Universidade Federal do Mato Grosso por Bertocini e Aristimunho, mostra que a substituição da areia por pó de lama de rejeito seca (20%) aumenta as propriedades mecânicas do cimento Portland.

Estes pesquisadores também chegaram à conclusão que a substituição da areia entre 60 a 100% pode ser utilizada vantajosamente na construção de pisos e pavimentos.

O uso da lama ferruginosa na indústria cerâmica, na construção de telhas, lajotas e tijolos foi estudado em muitos laboratórios.

Tijolos de lama com silicato de sódio apresentaram desempenhos ótimos podendo ser comprimidos a 50,35Mpa, o que os torna superiores ao padrão internacional. Tudo isso com uma redução de custo de 40%.

O que se vê é que existem inúmeros estudos científicos, feitos em universidades e laboratórios certificados que demonstram sem sombra de dúvida que os rejeitos e a lama das barragens podem ser utilizados economicamente.

Em outras palavras é possível reverter o quadro de desgraça que assola o Vale do Rio Doce e iniciar uma atividade industrial econômica usando a lama como matéria prima.

Aquelas margens cobertas por metros de uma lama estéril poderão ser lavradas produzindo produtos de grande valor que irão enriquecer os habitantes dos locais atingidos.

Portanto fica aqui a nossa sugestão sobre o assunto, que deverá revolucionar a região e transformar uma desgraça em uma oportunidade:

• Criar um laboratório para estudos de caracterização e uso das milhões de toneladas de lama depositadas em Mariana. Este laboratório deve ser financiado pela Samarco ou pelo dinheiro apreendido da mineradora e pode funcionar em convênio com uma Universidade de Minas Gerais que tenha know-how na indústria cerâmica e cimenteira.

• Criar escola técnica para que os jovens locais possam desenvolver um conhecimento de como operar as indústrias a serem implantadas.

• Financiar indústrias cerâmicas e cimenteiras, (com o dinheiro de multas da Samarco) que atuem ao longo das margens devastadas onde existem grandes acumulações da lama matéria-prima. Preferencialmente o lucro destas indústrias deverá ser revertido às populações atingidas e à recuperação do meio ambiente.

• Criar um selo verde que irá caracterizar todos os produtos derivados da lavra e aproveitamento da lama de Mariana para que o consumidor saiba que está comprando um produto que está despoluindo.

• Isentar de impostos todos os produtos advindos destas indústrias.



Governantes de Minas, pensem nisso como uma oportunidade de mudar a vida de seus cidadãos e mitigar, pelo menos um pouco, as imensas perdas que estes estão sofrendo.



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Autor: Pedro Jacobi  

domingo, 15 de novembro de 2015

Por que a França?, OESP


Gilles Lapouge
15 Novembro 2015 | 02h 01
Todos os jornais franceses apareceram ontem com suas primeiras páginas em cor negra sobre a qual se destacavam, em enormes caracteres brancos, um título curto, às vezes, uma única palavra: "Horror!" ou "Carnificina". E também: "Terror em Paris", "A guerra em plena Paris".
Depois, vieram os editoriais e os artigos. E sempre a tentativa desesperada de encontrar adjetivos ou substantivos adequados para relatar os fatos. Tudo convém: infâmia, vergonha, ignomínia etc. Mas as palavras são dramaticamente insuficientes, impotentes.
Essa profusão de termos e a sua inutilidade constituem a primeira lição da noite de morte e luto. Para dar uma noção do que ocorreu no Stade de France, nas ruas do bairro da Republique ou no Bataclan, não há palavras. É o fim das palavras. Da linguagem. Como se a linguagem humana fosse incapaz de retraçar fatos como esses. Como se os dicionários mais completos só conseguissem traduzir o que se passou pelo vazio, o silêncio.
Claro que não podemos evitar lembrar de outra tragédia na França, em janeiro deste ano: o assassinato por jihadistas de jornalistas do semanário Charlie Hebdo. E é verdade que um fato se espelha no outro. Um como o outro, esses ataques foram cometidos pela mesma besta imunda.
Contudo, a diferença é grande. O massacre no Charlie Hebdo tinha um alvo claro e um motivo reivindicado - castigar um jornal que havia publicado por diversas vezes caricaturas ferozes sobre o profeta Maomé.
Na noite de sexta-feira, os assassinos obedeceram um protocolo diferente: assassinar aleatoriamente. É a guerra. Mas contra quem? Contra o ser humano.
Tudo isso ocorreu em Paris. Ou seja, à identidade de seres humanos, as vítimas do Estado Islâmico, é preciso acrescentar mais uma particularidade: elas vivem na França. Quer dizer que os jihadistas do EI quiseram punir especialmente, entre os humanos, os humanos ocidentais, e, entre os ocidentais, humanos franceses.
A França é detestada pelos homens da morte - tanto quanto os EUA. As razões? A mais inteligível é o envolvimento de Paris na coalizão contra o EI liderada pelos americanos. No Iraque, e na Síria aviões Rafale e Mirage franceses bombardeiam posições do grupo extremista.
Mas a memória do ódio vai longe. O EI não perdoa a França por ter assinado, em 1916, o acordo Sykes-Picot, que desmantelou o Império Otomano e dividiu seus despojos entre a França, que recebeu o Líbano, e a Inglaterra, que ficou com a Síria. Enfim, a França cometeu outra vilania. Entre todos os Estados, é aquele que observa com maior vigilância o secularismo - estatuto que autoriza e protege todas as religiões sem privilegiar nenhuma delas.
A noite infernal de sexta-feira mostra que o perigo jihadista não vai cessar de crescer. O momento é favorável aos assassinos. A França é um dos países que envia mais aprendizes assassinos à Síria. Lá eles são recebidos, passam por uma lavagem cerebral, são instruídos a matar.
A vida da França vai sofrer, após essa noite abominável, uma violenta metamorfose. Um exemplo: em menos de 15 dias, Paris será centro do mundo, pois hospedará a COP-21, a grande conferência sobre o clima. Uma centena de chefes de Estado, de Putin a Obama, estarão presentes. Cerca de 40 mil pessoas durante 15 dias tentarão buscar meios de enfrentar um outro flagelo enfrentado pelo homem, o aquecimento global. Será que um dos cérebros do EI não vai achar que essa é uma oportunidade para enviar alguns soldados do inferno? / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
*GILLES LAPOUGE É CORRESPONDENTE EM PARIS


Anatel vai propor revisão das diretrizes de desligamento da TV analógica, Tela Viva


A Anatel apresentará na próxima semana aos diferentes atores que participam do Gired e das discussões sobre o desligamento da TV analógica e liberação da faixa de 700 MHz uma remodelação completa das diretrizes que estão balizando o processo. A constatação dos técnicos da agência é que, apesar de ter havido avanços e bons frutos nos esforços conjuntos entre teles e TVs, os impasses atuais podem levar o desligamento (e, portanto, a liberação das faixas de 700 MHz) uma situação crítica. Uma das propostas desse replanejamento é reconhecer que na maior parte do país não haverá a menor condição de desligar os sinais analógicos em 2018. Em compensação, é fundamental assegurar a liberação da faixa de 700 MHz para as teles (que pagaram caro por isso) e é preciso não criar um cenário de desigualdade de regional, em que apenas o Sul e o Sudeste (e parte do Centro-Oeste) veriam o switch-off em 2018. Com isso, a Anatel quer que o desligamento até 2018 ocorra em todas as capitais e respectivas regiões metropolitanas em 2018, bem como as cidades em que o desligamento é pré-requisito para liberar o espectro de 700 MHz para as teles.
O número de cidades nessas condições é incerto ainda, e requer mais estudos. Fala-se em 500, mas há dúvidas sobre a necessidade de ampliar esse número por conta de regiões conurbadas e outrso casos específicos. As demais cidades (algo entre 4 mil e 5 mil municípios) só seriam desligadas em 2023, pois nessas é possível liberar o espectro de 700 MHz e manter o sinal analógico de TV funcionando. Na prática, o desligamento analógico aconteceria apenas nos municípios em que a TV digital já está presente hoje.
Esta proposta da Anatel, que ainda precisa ser discutida e convalidada por todas as partes que compõem o Gired, inclusive pelo Ministério das Comunicações, isentaria as teles de fazerem a distribuição dos equipamentos de recepção para os beneficiários do Bolsa Família nas cidades em que não vai haver o desligamento. O raciocínio da Anatel é simples: não adianta dar o equipamento se o cenário atual é de que as emissoras de TV não consigam fazer os investimentos necessários na transmissão.
Em compensação, a ideia da Anatel é que as teles, nas cidades em que o switch-off vai acontecer, ampliem a distribuição dos receptores não só para os beneficiários do Bolsa Família, mas para todo o Cadastro Único. A diferença entre as duas bases, considerando todos os municípios brasileiros, é grande. Enquanto o Bolsa Família inclui 13,9 milhões de famílias em setembro, o Cadastro Único chega a 26,8 milhões de famílias. Essa ampliação para o Cadastro Único ajudaria a assegurar uma base maior de receptores, considerando que o cenário de crise econômico deve afetar a digitalização da base de televisores. Também existe a possibilidade de que se adicionem funcionalidades em parte desses receptores, para permitir aplicações com maior interatividade.
A Anatel também deve propor a mudança nos critérios de cálculo do indicador de 93% de domicílios aptos, para incluir os domicílios híbridos (que têm o sinal de TV via TV paga ou satélite). Em relação à publicidade, a Anatel acredita que a questão está se encaminhando bem, com a proposta que os radiodifusores já fizeram.
De qualquer forma, a agência considera essencial que haja uma revisão completa nas diretrizes de desligamento, do contrário é muito provável que em breve o processo de chegue  a um impasse, colocando em risco a entrega das faixas de 700 MHz às teles em 2018.