terça-feira, 2 de outubro de 2012

Águas de São Pedro terá estação de tratamento de esgoto

Da assessoria da deputada Ana Perugini
 
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Perugini visita estação de tratamento
A cidade de Águas de São Pedro, na Região de Piracicaba, vai ganhar uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). A informação é de Ana Perugini ( PT).
A obra, de responsabilidade da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), será realizada pelo governo do Estado.
O pedido nesse sentido foi feito pela deputada Ana Perugini, que participou de fórum de debates na cidade por recomendação da Câmara Municipal, sob a presidência do vereador Nelinho, do Partido dos Trabalhadores . A construção da ETE é uma reivindicação de mais de 30 anos do município de Águas de São Pedro. "Vitória da população paulista", reafirma a deputada.
Na avaliação de Ana Perugini, a água e o saneamento devem ser prioridades na agenda mundial da sustentabilidade, ao lado das mudanças climáticas e da perda da biodiversidade. No Estado de São Paulo, Ana Perugini é coordenadora de duas Frentes Parlamentares: de Acompanhamento das Ações da Sabesp, e em Defesa dos Direitos das Mulheres.
aperugini@al.sp.gov.br 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Surpresa prevista


José Roberto de Toledo - O Estado de S.Paulo
Um eleitor tucano explica seu estranho voto útil: "Se o (Celso) Russomanno vai ganhar de qualquer jeito, então é melhor que ele dispute o segundo turno contra o (Fernando) Haddad. Porque se o segundo turno for contra o (José) Serra, o PT vai ajudar a eleger o Russomanno e depois vai teleguiar a Prefeitura". O paulistano é, antes de tudo, um forte em câmbios de última hora.
Um em cada três paulistanos ainda não sabe dizer espontaneamente em quem votará ou declara que vai anular ou votar em branco - uma proporção superior à da mesma época em 2008. E entre os que dizem ter candidato há os que podem mudar seu voto para adequá-lo às circunstâncias, como o maquiavélico eleitor tucano disposto a votar em Haddad ou o afluente que flertou com o petista, mas, na hora H, sempre volta ao ninho tucano.
Não bastassem o histórico de mudanças repentinas, os vários tipos de voto útil e a indefinição de um terço do eleitorado, a trajetória errante da intenção de voto do paulistano tem sido um pesadelo para os institutos de pesquisa nas últimas semanas.
Russomanno parou de crescer e começou a cair? Serra parou de cair e começou a se recuperar? Haddad patina ou cresce? Chalita ameaça reagir no final, mas apenas o bastante para atrapalhar Serra ou Haddad? Ou o suficiente para chegar ao turno final? Noves fora, os quatro convergem e ensaiam uma embolada. Resta ver se vão embolar a dois, a três ou - improvável - a quatro.
As curvas dos candidatos a prefeito de São Paulo variam de instituto para instituto. No Datafolha, Russomanno desenha uma montanha russa com vales de 30% e picos de 35%. No Ibope, Serra não parou de cair - ao contrário do Datafolha. Mas quando se alinham as pesquisas de ambos os institutos, o ponto fora da curva parece ter sido a inversão entre o tucano e Haddad apontada pelo Ibope na semana passada.
A culpa não é dos institutos, mas do cenário eleitoral. As idas e vindas desta eleição paulistana são típicas de quando o grau de incerteza do eleitorado é alto. Num quadro assim, as mudanças são mais do que possíveis, são esperadas. E as tendências só ficam claras (ou menos obscuras) quando as variações bruscas são diluídas pelo cálculo de uma média móvel. É como desfocar os olhos para embaçar a vista e vislumbrar apenas as silhuetas.
O que a média de Ibope e Datafolha mostra, inequivocamente, é que as curvas de Serra e Haddad foram perfeitamente espelhadas desde o começo da propaganda eleitoral na TV.
O que um perdeu o outro ganhou. A transferência não foi direta - Paulinho da Força (PDT) perdeu eleitores para Haddad, enquanto Serra perdeu para Russomanno. Mas, ao final das contas, as oscilações do tucano e do petista acabaram por ser inversamente proporcionais.
Juntos, desenharam uma garrafa entre 18 de agosto e 12 de setembro. O bojo virou gargalo há um mês, diminuindo a distância entre os arquirrivais. Esse período corresponde à mais intensa troca de ataques entre ambos. Não por coincidência, ao mesmo tempo a curva de Russomanno corria solta para cima. Até que a ficha caiu, e as campanhas tucana e petista mudaram de alvo e passaram a mirar preferencialmente o líder.
A partir da semana de 12 de setembro, as curvas de Haddad e Serra começaram a correr paralelas e, juntas, a espelharem a evolução de Russomanno - ou melhor, a sua involução. Ao contrário do que gosta de dizer, o candidato do PRB não é bolo que quanto mais batem mais cresce. Bastou bater que ele murchou, pelo menos no eleitorado de maior escolaridade. E só não caiu antes porque foi poupado pela míope briga de PT e PSDB.
A dúvida que as pesquisas ainda não responderam é se a queda de Russomanno se estende às periferias sul e leste da cidade e em qual intensidade. Lá votam eleitores com menor renda e menos anos de estudo. Se Russomanno cair nesses redutos tradicionais do PT, abrirá espaço para Haddad crescer e ultrapassar Serra. Se não, o tucano seguirá favorito para ir ao segundo turno. As surpresas estão previstas, mas não são previsíveis.

Chega de masoquismo, por João Pereira Coutinho, na Folha


Jesus foi casado? Honestamente, não sei. Mas um pedaço de papiro levou uma estudiosa americana a dizer que sim. O papiro, provavelmente do século 4 d.C., seria parte de um evangelho apócrifo e prova substancial de que Jesus não teve vida celibatária.
Acompanhei as notícias com curiosidade mediana. Mas o que mais me espantou nessa história sobre a alegada mulher de Jesus foi a tranquilidade com que o Ocidente lidou com o assunto.
Não vi mortos. Não vi feridos. Não vi embaixadas atacadas e destruídas. Os cristãos não vieram para a rua pedir a morte da prof. Karen King por suas "blasfémias" contra Jesus. A universidade de Harvard não precisou de reforço policial para evitar um massacre.
Tudo nos conformes: a descoberta foi apresentada em Roma, discutida entre os eruditos, consta que posteriormente desacreditada. Ou não. Que interessa?
Karen L. King/Efe
Papiro cita 'mulher de Jesus'
Papiro cita 'mulher de Jesus'
Precisamente: não interessa. E é provável que, amanhã, surja um novo pedaço de papiro com uma nova mulher no enquadramento. Ninguém mata ou morre por causa disso. Evidências?
Talvez, leitor. Mas, às vezes, é preciso lembrar evidências para sabermos em que cultura estamos.
Se, por mera hipótese fantasiosa, houvesse uma descoberta semelhante e igualmente polémica sobre a vida do Profeta Maomé, não é preciso descrever o cortejo de sangue que viria a seguir. Um cortejo que, admito, já foi nosso e bem nosso: 500 anos atrás, o lugar da sra. Karen King não seria na universidade de Harvard. Seria na fogueira da Inquisição.
Mas passaram 500 anos. O Cristianismo teve a sua Reforma e Contra-Reforma; confrontou-se com o Iluminismo e o Contra-Iluminismo. Depois de todas as guerras religiosas que devastaram a Europa moderna em nome da fé verdadeira, entendeu-se que a "fé verdadeira" é um assunto dos crentes, não do Estado.
A liberdade de culto passou a ser uma liberdade inegociável na maioria das sociedades ocidentais - a promessa de que ninguém seria perseguido por professar determinado credo. Mas a liberdade de pensamento e expressão também --a promessa de que ninguém seria perseguido por criticar ou ridicularizar a fé de terceiros.
Infelizmente, esta conquista secular foi esquecida pela justiça brasileira, que determinou que o Google retirasse do Youtube-Brasil o filme "A inocência dos muçulmanos", a pedido da União Nacional Islâmica. Porque o filme ofende os muçulmanos e alimentou atos de violência extrema em todo o Oriente Médio?
Acredito que sim. Como acredito que milhares de outros filmes, ou livros, ou quadros, ou peças de teatro, ou anedotas de café, ou meros comportamentos cotidianos ofendam muitos muçulmanos. O ponto, porém, não é esse.
O ponto está em saber como é possível que um tribunal de um estado laico possa exercer censura em nome de uma religião particular.
O filósofo francês Pascal Bruckner ajuda a entender o gesto. Sobretudo com o seu "A Tirania da Penitência - Ensaio sobre o masoquismo ocidental" (Difel).
O título e o subtítulo dizem tudo: o Ocidente vive hoje uma orgia de masoquismo que o faz ter repulsa de si próprio, dos seus valores fundamentais, das suas liberdades inegociáveis. E como explicar essa quebra de confiança, esse torpor niilista e relativista?
Pelo passado. Pela forma neurótica como o Ocidente retrata o seu passado. Quem somos nós para afirmar a importância dos valores ocidentais quando o Ocidente produziu incontáveis crimes - o genocídio de populações indígenas no Novo Mundo; o tráfico de escravos; o comunismo e o nazismo; o Gulag e o Holocausto?
Curiosamente, o Ocidente que gosta de se autoflagelar pelos crimes do passado é também o mesmo que se esquece da sua própria capacidade para os superar e reprimir.
Como afirma Pascal Bruckner, a Inquisição existiu; mas ela está diretamente ligada ao Iluminismo. A escravatura existiu; mas ela está diretamente ligada aos movimentos abolicionistas. O comunismo e o nazismo existiram; mas ambos estão diretamente ligados ao triunfo das democracias liberais no século 20.
A singularidade do Ocidente não está na criação de monstros --todas as civilizações o fizeram e fazem. A singularidade está na forma como foi capaz de gerar as armas, teóricas ou bélicas, para enfrentar e derrotar esses monstros.
Essa capacidade deveria ser causa de orgulho e confiança --e um imperativo suplementar para que o Ocidente defendesse os valores positivos em que acredita: a separação de poderes; a liberdade de pensamento e expressão; a tolerância perante diferentes concepções religiosas ou de vida; e etc. etc.
Fatalmente, não há orgulho nem confiança. Apenas uma vontade psicótica de alimentar um certo nojo-de-nós-próprios, ou seja, uma náusea profunda pelos direitos fundamentais que foram conquistados depois de sangue, suor e lágrimas, como dizia Churchill em discurso célebre.
A pergunta, formulada por Pascal Bruckner, é inevitável: como podemos ser respeitados pelos outros se já não somos capazes de nos respeitarmos a nós próprios?
Eis a pergunta que irá definir o futuro de uma civilização.
João Pereira Coutinho
João Pereira Coutinho, escritor português, é doutor em Ciência Política. É colunista do "Correio da Manhã", o maior diário português. Reuniu seus artigos para o Brasil no livro "Avenida Paulista" (Record). Escreve às terças na versão impressa de "Ilustrada" e a cada duas semanas, às segundas, no site.