quinta-feira, 11 de março de 2021

Toffoli defende que juiz só possa ser candidato oito anos após deixar a magistratura, G1

 O ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu nesta quarta-feira (29) que o Congresso aprove um prazo de oito anos para que juízes e membros do Ministério Público possam se candidatar a cargos políticos.

Toffoli deu a declaração durante sessão no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Para ele, a quarentena para juízes e procuradores antes de se candidatarem em eleições evitaria "demagogia" no exercício do cargo.

“Assim se evitaria de utilização da magistratura e do poder imparcial do juiz para fazer demagogia, aparecer para a opinião pública e depois se fazer candidato”, afirmou. “Quem quer ser candidato, tem que deixar a magistratura, tem que deixar o Ministério Público. E há que haver um período de inelegibilidade, sim”, disse o ministro.

Na sessão do CNJ, foi discutido o caso de um juiz do Maranhão que foi proibido de participar de lives político-partidárias, por causa de sua função de magistrado .

“Esse caso é paradigmático. Porque a imprensa começa a incensar determinado magistrado e ele já se vê candidato a presidente da República, sem nem conhecer o Brasil, sem nem conhecer seu estado, sem nem ter ideia do que é a vida pública”, afirmou Toffoli.

“A respeitabilidade do Poder Judiciário se faz pela sua imparcialidade, não só pela imparcialidade presente, é na perspectiva do futuro”, completou. "Não se pode fazer demagogia com a vida alheia”, completou o presidente do Supremo.

Toffoli pediu que o Congresso aprove uma regra para instituir o período de inelegibilidade."Volto a pedir ao Congresso Nacional que estabeleçam prazos de inelegibilidade para membros da magistratura e do Ministério Público que deixarem suas carreiras para que não possam fazer dos seus cargos e das suas altas e nobres funções meios de proselitismo e demagogia”, disse Toffoli.

No início da tarde, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse concordar com a proposta, mas avaliou que caberá ao plenário debater o prazo ideal de inelegibilidade. Segundo Maia, o tema pode ir a votação ainda este ano.

Como é a regra atual

Atualmente, a Lei de Inelegibilidades prevê prazos de até seis meses para que juízes e promotores deixem o cargo para se candidatar, dependendo do cargo. O prazo de oito anos só é aplicado se houve aposentadoria compulsória ou para os que tenham perdido o cargo por processo disciplinar.

Outros cargos também exigem saída prévia, chamada prazo de desincompatibilização, como ministros e secretários de estado, diretores de autarquias, autoridades policiais e servidores públicos.

Toffoli defende liberdade de expressão a serviço da informação
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Toffoli defende liberdade de expressão a serviço da informação

Repercussão

Renata Gil, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), defendeu o direito dos juízes de “participarem do debate público e da vida política do país, sempre respeitando os limites legais”.

Presidente da AMB comenta fala de Toffoli sobre quarentena para juiz virar candidato
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Presidente da AMB comenta fala de Toffoli sobre quarentena para juiz virar candidato

“Já existem prazos estabelecidos para que juízes e promotores deixem cargos públicos para se candidatar. Portanto, a AMB é contrária a qualquer ato que vise ampliar o tempo de inelegibilidade eleitoral para membros do Poder Judiciário após afastamento definitivo da função pública. Projetos com esse teor ferem o princípio da isonomia e violam os direitos políticos dos membros do Poder Judiciário. Uma afronta desproporcional ao direito fundamental dos magistrados ao exercício da cidadania”, disse.

O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), juiz Eduardo André Brandão, afirmou que "hoje já existe uma quarentena de três anos para o juiz que deixa o cargo ou é exonerado para ele advogar, atuar nos tribunais de origem". "A Ajufe entende que tem que se buscar um equilíbrio entre o que existe hoje e essa proposta feita para inelegibilidade dos magistrados”, afirmou.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, diz concordar com a proposta de Toffoli.

"A proposta que visa à ampliação do período de quarentena de membros do Ministério Público e da magistratura é muito bem vinda e muito importante. Muito bem vinda porque protege o próprio Poder Judiciário da exploração política de integrantes do Ministério Público ou da magistratura possam fazer do prestígio de seus cargos. Isso é uma salvaguarda à própria missão institucional e à separação entre poderes", afirmou em resposta à TV Globo.

quarta-feira, 10 de março de 2021

Stellantis já produz motores turbo no Brasil para Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot -FSP

 Eduardo Sodré

A Stellantis iniciou a produção nacional de seus novos motores turbo, que equiparão modelos das marcas Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot. O anúncio foi feito nesta quarta (10) durante visita do presidente da empresa, Carlos Tavares, à fábrica de Betim (MG).

Foram investidos R$ 400 milhões na nova linha de montagem, e mais R$ 100 milhões serão aplicados até o fim deste ano. A planta faz parte do complexo industrial que monta modelos da marca Fiat desde a década de 1970.

Em um comunicado divulgado pela montadora, Tavares diz que “esta é uma grande notícia para a economia brasileira”.

O primeiro motor produzido será o 1.3 turbo (180 cv), que vai equipar as versões 2022 da picape Fiat Toro e dos utilitários esportivos da Jeep –Compass e Renegade, além do futuro modelo de sete lugares da marca americana.

O 1.0 turbo começará a ser feito no segundo semestre e terá três cilindros. A potência deverá ficar entre 100 cv e 120 cv.

Essa opção vai equipar carros compactos da Fiat, da Citroën e da Peugeot. Será o primeiro grande movimento industrial a envolver as francesas dentro do grupo Stellantis na América do Sul.

A sinergia tende a aumentar nos próximos anos, com o compartilhamento de plataformas. Isso possibilitará a produção de novos modelos no Brasil e na Argentina, independentemente da marca e da fábrica.

Embora apenas agora façam parte de um mesmo grupo, Fiat Peugeot e Citroën já têm longo relacionamento fabril, inclusive no Brasil.

Veículos comerciais leves das três marcas já dividiram a plataforma em Sete Lagoas (MG). Por meio de uma joint venture com a Iveco, foram montados os furgões Ducato, Boxer e Jumper. A parceria teve início em 2000 e foi encerrada em 2016.