sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Hidrelétricas: o falso mito dos grandes reservatórios

Título

Veículo
Brasil Econômico
Data
09 Agosto 2013
Autor
Claudio J. D. Sales

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Começa a ganhar espaço a tese de "grandes reservatórios hidrelétricos", onda que promove uma falsa controvérsia porque baseia-se em premissas erradas e pouco domínio técnico.
O Brasil é predominantemente hidrelétrico: 77% da eletricidade produzida em 2012 teve origem em 1.071 hidrelétricas, sendo que todas estas usinas têm reservatório. A nuance é que os reservatórios podem ser "a fio d'água" ou "de acumulação". Portanto, o primeiro mito (construir "hidrelétricas com ou sem reservatório") não faz o menor sentido.
Os reservatórios a fio d'água são aqueles cuja capacidade de acumulação é inexistente ou muito pequena: a quantidade de água que chega à usina é a mesma que passa pelas turbinas e gera eletricidade. Já os reservatórios de acumulação, como o nome diz, podem acumular grandes quantidades de água, permitindo gerar eletricidade em períodos como os de estiagem, por exemplo, sem ou com pouca chuva. Nestes reservatórios o nível d'água varia ao longo do ano.
Um segundo mito que precisa ser desconstruído consiste no equivocado conceito "reservatório grande = reservatório de acumulação". Poucos sabem, por exemplo, que Itaipu (a segunda maior usina do mundo em potência instalada e o sétimo maior reservatório brasileiro em área, ocupando o total de 1.350 quilômetros quadrados) é uma usina a fio d'água.
Superados os dois mitos iniciais, esbarramos no terceiro e mais grave mito que poderia ser descrito pela bandeira "precisamos construir hidrelétricas com grandes reservatórios de acumulação plurianual".
O mito é grave porque esta característica não depende da boa ou má vontade de ninguém: ela é definida a partir da topografia, do volume de água do rio e dos impactos socioambientais do reservatório. Dos 191 reservatórios de médias e grandes usinas (usinas com mais de 30 megawatts (MW) de potência) já construídas, apenas 22 têm reservatórios de acumulação plurianual, ou seja, pouco mais de 10% delas.
Olhando para o futuro, segundo o próprio Ministério de Minas e Energia, restam poucas usinas com reservatório de acumulação que teoricamente poderiam ser construídas: no rio Xingu (UHE Altamira), no rio Tapajós (UHE Chacorão) e no rio Madeira (UHE Guajará Mirim). Esses três empreendimentos - quer por estarem próximos a terras indígenas, quer por interferências em países transfronteiriços - sequer são incluídos pelo governo nos planos oficiais de expansão.
Para reforçar a impropriedade do terceiro mito, o Plano Decenal de Energia 2021 prevê a construção de 19 hidrelétricas, sendo que nenhuma delas têm reservatório de acumulação plurianual.
E falar em reservatórios de acumulação na Amazônia (uma região plana, com rios de baixa declividade) é pior ainda porque implicaria a inundação de áreas extensas, a perda de biodiversidade e possíveis interferências em territórios indígenas.
Assim, tanto o tipo quanto o tamanho do reservatório devem ser definidos de acordo com as características naturais de cada aproveitamento, buscando maximizar a geração de energia e minimizar os impactos socioambientais.
Os três mitos acima precisam ser superados para que a expansão da matriz elétrica brasileira seja feita a partir de discussões técnicas e objetivas.
Não há espaço para amadores e campanhas publicitárias.

Claudio J. D. Sales é presidente do Instituto Acende Brasil (www.acendebrasil.com.br)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Guaraná Antarctica celebra primeira garrafa 100% reciclada do Brasil


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Em outubro do ano passado Guaraná Antarctica lançou a primeira garrafa PET feita com 100% de material reciclado. Passados nove meses do lançamento, a marca alcançou números surpreendentes: até o momento foram retiradas mais de 120 milhões de garrafas PET do meio ambiente, representando uma grande redução de resíduos sólidos nos aterros sanitários. Para comemorar o sucesso e a expansão do projeto para outras cidades brasileiras, a marca lança nesta semana um filme para internet sobre a iniciativa.
guarana
Criado pela DM9DDB, o filme “Fábrica” terá 30 segundos e será veiculado nas redes sociais da marca. O comercial ilustra a linha de produção da nova garrafa, destacando que qualquer embalagem PET, independentemente de cor, formato ou fabricante, pode se transformar em uma garrafa 100% reciclada de Guaraná Antarctica.
Para a gerente de marketing da marca, Bruna Buás, a nova campanha vem para coroar e celebrar o sucesso da primeira etapa do projeto. “Em menos de um ano conseguimos empregar a nova tecnologia em mais de 20% de todas as garrafas PET 2 litros produzidas por Guaraná Antarctica. A mudança tem incentivado toda a cadeia de reciclagem do Brasil e contribuído positivamente com o meio ambiente”.
“Nos próximos anos a meta da companhia é empregar a tecnologia em todas as embalagens PET produzidas por Guaraná Antarctica e, com isso, levar a garrafa 100% reciclada para todo o Brasil”, completa a gerente ao comentar a expansão do projeto.
Além do novo filme e das ações que já foram feitas durante o ano passado, a marca prepara para as próximas semanas outras iniciativas inusitadas e divertidas para incentivar a reciclagem e comunicar o projeto.
(Redação – Agência IN)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Dior not war - LUIZ FELIPE PONDÉ


FOLHA DE SP - 05/08

Quando perguntarem a você o que é a economia, a resposta certa é: a economia somos nós!


"Dior não guerra." Vi esta frase numa camiseta. Lembra a clássica dos anos 60: "faça amor, não faça guerra". Melhor do que a bobagem com o rosto do assassino mais chique da América Latina, o Che.

O que me encantou na frase é que a Dior representa --ou qualquer outra marca-- a capacidade humana de produzir riqueza como forma de civilização, em vez de nos matarmos. Todo mundo sabe que riqueza material não é apenas riqueza material.

O que aborrece no Brasil é que ainda não entendemos que a riqueza da qual falam autores como Adam Smith (filósofo moral, e não um guru do egoísmo como alguns pensam por aqui) não é apenas material, mas moral e existencial.

Outro dia vi numa dessas cidades históricas mineiras maravilhosas um grupo de jovens, como cara de anos 60 extemporâneos, que falavam barbaridades contra o capitalismo, todos munidos de iPhones e iPads, registrando tudo a sua volta. Ignorantes, parecem pensar que toda esta tecnologia, que vai de celulares a cirurgias cardíacas, caem do céu. Não, tudo custa, e muito.

Recentemente li na revista "The Economist" duas matérias muito interessantes. Uma primeira falava de como o crime comum (roubos, assassinatos e similares) tem caído significativamente em países ricos, como EUA, Reino Unido e Alemanha, mesmo em cidades grandes como Nova York e Londres.

Não se trata apenas de mais punição, mas sim de um conjunto de elementos que passam por polícia mais equipada e treinada (o que não quer dizer mais violenta), tanto preventiva quanto científica. Crianças em boas escolas e ocupadas principalmente quando as famílias são mononucleares (só um dos pais), ruas limpas, estradas bem feitas, hospitais eficientes, transporte público operacional, vizinhos ativos no cuidado com seu bairro (quem não come nem dorme não pode ser um vizinho assim). Enfim, tudo que custa muito dinheiro.

Noutra, sobre Cuba, falava-se da luta das pessoas para poderem comprar e vender coisas e terras sem ter apenas o Estado como "parceiro" de negócios. E como isso é visto como um milagre dos céus. E ainda tem gente chique no Brasil que acha Cuba um "experimento" a ser levado a sério. Que horror!

E aí passo a um livro que recomendo a leitura para quem quiser pensar no mundo livre do neolítico --o socialismo, levado a sério por muitos de nós, é puro neolítico. "Why Nations Fail, The Origins of Power, Prosperity, and Poverty", de Daron Acemoglu, professor de economia do MIT e James A. Robinson, cientista político e economista, professor de Harvard.

Por que muitas nações são pobres, miseráveis, atrasadas, enterradas em crime e fome? Causas geográficas? Culturais? Religiosas? Étnicas? Não.

A diferença está num modo de organização política e social específico que cria condições para as pessoas buscarem livremente seus interesses. Democracia liberal, igualdade perante a lei e garantias de que as pessoas podem agir livremente no mercado de trabalho e de produtos. Numa palavra, sociedade de mercado. Foi isso que derrotou o comunismo, mas muitos já esqueceram.

Infelizmente entre nós, ainda se pensa que isso seja simplesmente um modo cruel de viver, negador da "solidariedade" e defensor da "ganância". Muito pelo contrário: é só a riqueza que torna a solidariedade possível, não há solidariedade na pobreza, isso é mito.

Apesar de as indicações históricas serem evidentes, ainda insistimos em não entender que a sociedade de mercado (longe de ser perfeita) dá ao ser humano a liberdade necessária para cuidar da sua vida e se tornar adulto.

Só dessa forma as pessoas entendem uma coisa óbvia que o economista Friedrich Hayek pensava. Quando perguntarem a você o que é a economia, a resposta certa é: a economia somos nós! E não algo planejado por "cabeções" teóricos que controlam a vida dos outros, como pensava John Maynard Keynes.

Mas, os políticos adoram Keynes porque sua teoria os faz parecer responsáveis pela riqueza, quando na realidade quem produz riqueza somos nós em nosso cotidiano, quando nos deixam em paz. Keynes é a servidão, Hayek, a liberdade.