quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dormir se torna a preocupação do momento



Em certas empresas, os funcionários estão livres para cochilar

Jogadores de basquete profissional da Associação Nacional de Basquete (NBA, na sigla em inglês) como Lebron James, Grant Hill e Steve Nash juram que tiram um cochilo antes dos jogos, dizendo que tal prática faz com que eles recuperem a energia e estejam prontos para a competição.
Jogadores que têm nove horas de sono possuem maiores chances de reagir mais rapidamente e jogar melhor, de acordo com o doutor Charles Czeisler, o diretor da Divisão do Sono da Escola de Medicina de Harvard.
"Se você faz parte do mundo corporativo, adoraria tirar um cochilo", disse o jogador do Filadélfia 76ers Jason Kapono ao jornal "The New York Times". "Então, por que não o faria se você pudesse?", completou.
Porque para o restante da América -diferentemente de países quentes e de clima mediterrâneo que possuem a chamada "siesta"- a soneca é algo improdutivo ou preguiçoso. Mas cochilar pode estar perdendo esse estigma, já que pesquisas estão mostrando que os cochilos podem corrigir desatenções ao longo do dia, pois aumentam o nível de alerta, a produtividade e a memória, além de melhorar o humor. Um estudo britânico descobriu que a soneca pode fazer bem para a pressão sanguínea, e pesquisa na Grécia concluiu que o cochilo diminui o risco de infarto e derrame cerebral, de acordo com o "Times".
As companhias se renderam ao cochilo de 20 minutos como uma maneira de prevenir a perda de bilhões de dólares anuais em queda de produtividade.
E por que não, se já existem atrações no trabalho como academia, creche, sala de videogames e, até mesmo, lugar para os cachorros? Os trabalhadores da Nike possuem um "quarto silencioso" para o bem-vindo cochilo, o Google também possui algo parecido, e Jawa, uma companhia de celulares do Arizona, conta com dois quartos voltados para o repouso.
Depois que controladores de voo nos EUA foram pegos cochilando no trabalho, a Administração Federal de Aviação, em abril, mudou os horários para combater a sonolência. Na Alemanha e no Japão, os controladores de voo, quando estão com sono, vão para quartos silenciosos.
Dormir se tornou a preocupação do momento. Mesmo que você consiga tê-lo de graça, o sono está sendo negociado, comercializado, como sendo um prazer, por vezes inalcançável, escreveu o "Times". Yelo, um salão localizado em Manhattan, vende aos ansiosos nova-iorquinos a promessa de um breve, mas revigorante sono em um quarto privado (o preço começa em US$ 17 pelo direito de descansar por 20 minutos). A saúde do sono também virou um rentável negócio para a indústria do spa. Um número crescente deles oferece tratamentos que se enquadram na medicina do sono, reportou o "Times". Um salão de Londres disponibiliza massagens, sem se esquecer, é claro, do cochilo na chamada "Barraca do Sono".
Para ajudá-los a dormir melhor, os consumidores compram travesseiros especiais. A melatonina, adicionada aos alimentos, é o ingrediente utilizado para obter o efeito calmante. Chamados de "bolos da preguiça", esses produtos, que contêm oito miligramas de melatonina, são vendidos por US$ 3 a US$ 4 como uma forma de promover o tão perseguido relaxamento.
Em um mundo estressado e cada vez mais baseado em remédios, as pessoas exigem sempre uma solução. Como Jussie Gruman, a presidente do Centro para a Saúde de Washington, disse ao "Times": "Você pode comprar coisas como excitação sexual, um novo padrão para o seu rosto, um corpo esbelto, então, por que não poderia comprar o sono?
ANITA PATIL

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