Após quatro anos de valorização acima da inflação, o preço dos imóveis em São Paulo deve estagnar em 2011 e, em alguns casos, até cair. Com o metro quadrado de alguns bairros supervalorizado, a dificuldade para vender um imóvel pode proporcionar a oportunidade de encontrar preços mais baixos que os atuais.
De acordo com o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), o preço dos apartamentos atingiu o seu teto e eventuais flutuações de preço se darão apenas em locais específicos, de alta procura. A expectativa é que a demanda, que atingiu 36 mil unidades na capital paulista, também se mantenha.
Com esse cenário, espera-se que as unidades populares e de classe média ocupem a liderança das estatísticas de lançamento e venda, principalmente os apartamentos de dois dormitórios. No setor de luxo, o mercado deve se manter estável, devido aos preços já elevados.
De acordo com João Crestana, presidente do Secovi, 2011 deve ser um bom ano para aqueles que pretendem comprar o seu primeiro imóvel para morar. Porém, ele desaconselha aqueles que pretendam fazer a aquisição como investimento para uma revenda rápida.
"Com a estabilização dos preços, vai ficar difícil para aquele que pretende especular e ter um ganho rápido. Porém, quem quer comprar para morar, essa estabilização pode ser benéfica", disse.
Para o diretor da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) Luiz Paulo Pompéia, o preço do metro quadrado de alguns bairros da capital paulista já superou o valor razoável na comparação com regiões similares.
Ele citou o caso da Vila Olímpia, que tem o metro quadrado valendo em média cerca de R$ 9 mil. Para Pompéia, o bairro, que possui problemas que desvalorizam imóveis residenciais, como trânsito, não poderia ter metro quadrado mais caro que Moema, por exemplo, que possui metro quadrado valendo entre R$ 7 mil e R$ 8 mil.
"Em alguns bairros, o preço do metro quadrado já encontrou seu teto e irá estagnar por algum tempo. Em alguns deles, se houver problemas de liquidez, pode haver até queda", disse o diretor da Embraesp.
Crédito
De acordo com Crestana, a oferta de crédito neste ano deve ser suficiente para manter o mercado nos mesmos níveis de 2010. A previsão é de que o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo disponibilize cerca de R$ 65 bilhões para o setor.
Porém, ele acredita que as principais fontes de dinheiro para o financiamento habitacional - caderneta de poupança e recursos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - sejam insuficientes daqui dois anos, caso a procura siga em crescimento.
"Precisamos intensificar os debates para atrair novas fontes de recursos para a produção e aquisição da imóveis. No mundo todo os fundos de pensão são grandes financiadores, o que ainda não acontece no Brasil", afirmou.
Faltam terrenos
Celso Luiz Petrucci, diretor-executivo e economista-chefe do Secovi-SP, afirma que um desafio para o setor é a aquisição de terrenos urbanos para construção. Atualmente, o mercado aguarda definições sobre as Operações Urbanas Lapa-Brás, Mooca-Vila Carioca. Previstas desde o plano diretor de 2002, com outros nomes e áreas, elas nunca foram regulamentadas.
Nos dois casos, a Prefeitura deve oferecer facilidades para que o mercado invista nessas regiões, que tem grandes áreas ocupadas por galpões ou indústrias que deixaram a cidade.
"Hoje, o que acontece é que há um crescimento para as franjas da cidade e para a Grande São Paulo, o que faz com que os moradores precisem se locomover a partir de distâncias maiores, sendo que o mais correto seria o contrário: adensar os locais que estão mais providos de bens públicos e de transporte", afirma.
Segundo ele, também há contatos com a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) para que áreas contaminadas possam ser adquiridas e depois de devidamente tratadas, voltem ao mercado. "Nesse caso, o que se deseja é que se diminua a burocracia para que soluções definitivas possam ser apresentadas", disse.
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