quarta-feira, 19 de maio de 2010

Pelo ambiente vale tudo, até virar síndica

Marina Person criou coleta seletiva em seu prédio e só consome orgânicos
19 de maio de 2010 | 10h 14

Alice Lobo - Especial para O Estado de S. Paulo
Não é só no seu programa Viva! MTV que a apresentadora Marina Person fala sobre qualidade de vida e o futuro do planeta. Ela pratica o que prega dentro de casa. Há dois anos, candidatou-se a síndica de seu prédio, indignada com o fato de o condomínio não ter um programa de reciclagem de lixo. “Durante uns dez anos eu reciclei na cooperativa Coopamare. Separava e levava tudo no carro até lá.”


Kelly Fuzaro/MTV
Eleita síndica, Marina comprou lixeiras para lixo reciclado e fez uma parceria que garante o recolhimento do material toda semana. Mas não parou por aí. “O pessoal da limpeza usava aquela máquina d’água de alta pressão para limpar o chão. Proibi. Os faxineiros têm de varrer com vassoura. Só podem jogar um pouco de água na calçada se tiver muito xixi de cachorro”, diz. “A Sabesp devia multar quem usa água para limpar a calçada. Fico mal de ver isso.”

Dentro de casa, as exigências são ainda mais rígidas. Além da reciclagem e da economia de água, Marina divide o carro com o marido ou anda a pé.

A apresentadora come basicamente produtos orgânicos, a maioria deles entregues por um serviço de delivery. As exceções ficam para frutas como a melancia: Marina diz que nunca conseguiu encontrar um fornecedor orgânico. “Se alguém souber onde tem, me avisa.”

O maior dilema de Marina à mesa são as carnes. “Faz muito tempo que não tem carne vermelha em casa”, diz a apresentadora, que era uma carnívora assumida. Frango então, nem se fala. “Tem gosto de remédio e hormônio e ninguém me tira isso da cabeça. Só como se eu estiver em algum lugar muito formal e não tiver jeito.”

Para seu desgosto, o consumo de peixe, teoricamente um produto saudável, também tem implicações ambientais. “A forma como estão pescando é horrível. As redes pegam tudo do fundo do mar e se aproveita muito pouco do que se pesca.” Carne de soja pode ser uma opção? Ela torce o nariz. “Eu odeio, carne de soja é horrível.”

Na cartilha verde de Marina, outros vilões são os mercados. “O que eu acho mais grave é a quantidade de embalagens. Eu fico reclamando, acho que estou virando paranóica”, diz.

A apresentadora não se conforma com o fato de que, para vender frutas, verduras ou legumes, os mercados usem uma bandeja de plástico ou isopor e depois ainda a envolvam com filme plástico. “Quando vou comprar, peço sem plástico e as pessoas não entendem. Eu escolho e levo tudo junto em um saco só até o caixa, que pesa e passa separadamente, mas depois coloca tudo junto de novo em uma só sacola.”

Marina reduziu o uso de sacolinha plástica em casa e tenta sempre reutilizá-las. E aboliu o uso de garrafas PET. “Desde sempre bebo água em caneca na MTV e carrego uma garrafinha reutilizável.”

O lixo nosso de cada dia

Fernanda Fava e Karina Ninni - Especial para O Estado de S. Paulo


O material de trabalho da geóloga Ivone Silva, professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é o que o resto das pessoas descarta. Munida de avental, luvas de borracha e uma balança de supermercado, ela gosta de sair a campo para analisar o lixo produzido nas cidades. Entre 2008 e 2009, Ivone separou e pesou 250 quilos de resíduos por dia. Contou apenas com o apoio de dois bolsistas e de dois funcionários da prefeitura para fazer um raio X do lixo em Diadema, no ABC.
A pedido do Estado, Ivone e os universitários Carolina Theóphilo e Paul Fooster repetiram a experiência num universo muito menor. Analisaram o lixo inorgânico produzido durante uma semana em quatro apartamentos, com dois a cinco moradores, de um prédio na região da Consolação, em São Paulo. O resíduo orgânico, que no País responde por cerca de 50% do lixo doméstico, foi descartado para facilitar a estocagem.

O objetivo da iniciativa foi mostrar às pessoas o quanto elas produzem de resíduos. “Nunca tinha parado para refletir sobre isso”, diz Márcia Marino, de 50 anos. Márcia, o marido e os filhos, adultos jovens, foram os campeões na produção de lixo, com 3,58 quilos – total que inclui 20 garrafas PET de refrigerante. Ou seja, em um ano a família produziria pouco mais de 170 quilos – ou o dobro disso, considerando o lixo orgânico. “Vou tentar produtos com embalagens diferentes, como vidro. Aqui em casa a gente manda para reciclagem, então esse lixo não está sendo jogado no ambiente.”

Ivone também analisou os itens que mais pesaram no volume de lixo produzido pelas famílias. Os vilões foram o papelão e o plástico duro ou PET. “São itens geralmente mais pesados”, explica.

A professora da Unifesp lembra que há diferenças gritantes de consumo em áreas pobres ou ricas, mas vê uma tendência clara da população em favor de alimentos prontos, embalados, em porções cada vez menores. “As pessoas têm rotinas corridas e preferem comprar o alho já picado, molho de tomate pronto. Até a água de coco vem em embalagem longa-vida”, afirma Ivone. “As embalagens representam um avanço tecnológico para conservar alimentos, mas depois o consumidor não sabe o que fazer com elas.”

A experiência teve um adendo: analisar os resíduos secos produzidos pelos serviços de delivery de fast food. Os moradores de um dos apartamentos, pai, mãe, filho de 10 anos e empregada doméstica, concordaram em pedir durante quatro noites refeições das redes Habib’s, China in Box, Mc Donald’s e Pizza Hut. Os resíduos foram pesados e separados por material. “O pedido de pizza fica em primeiro lugar, porque o papelão pesa mais, mas o lixo dos outros pedidos também foi relevante pelo grande número de unidades de embalagens”, analisou Ivone.

A Pizza Hut afirmou que as embalagens do delivery são recicláveis. “Nos últimos dois anos, a empresa investiu em novas tecnologias. Reduzimos em mais de 20% o material utilizado.”

O McDonald’s liderou em volume e em número de embalagens. A empresa afirma que tem um compromisso com o ambiente e adota condutas como o princípio dos três R’s: reduzir, reutilizar e reciclar. “Essa política norteia a logística de distribuição e a operação dos restaurantes.”

O Habib’s alegou que suas embalagens incentivam o cliente a reciclar. “Além disso, a rede sempre procura definir embalagens de materiais recicláveis, reduzindo sua variedade e tamanho.”

O China in Box afirmou que a embalagem de seu box padrão usa papel cartão certificado. “A empresa também está prestes a implantar o uso de sacolas biodegradáveis, possivelmente ainda no segundo semestre de 2010.”

Saiba mais:

- Em países ricos, a concentração de resíduos inorgânicos é maior do que a de orgânicos, pelo maior consumo de alimento embalado.

- 1 kg de lixo por habitante por dia é a média do brasileiro. Entre os americanos, esse volume é de 2,25 kg. Em São Paulo, é de 1,5 kg.

- 10% do lixo produzido por dia no Brasil é gerado na capital paulistana, o equivalente a 17 mil toneladas diárias de resíduos.

- R$ 8 bilhões por ano é o que o País poderia lucrar com a reciclagem. Hoje, a coleta seletiva rende de R$ 1,4 bilhões a R$ 3,3 bilhões

Resultados

Período: 6 a 13 de maio

Total das 4 famílias: 8,14 kg

APTO 21

Pai, mãe e dois filhos adultos

Total: 3,58kg


papel+papelão: 29,6%

tetrapak: 5,58%

vidro: 4,46%

latas de alumínio: 1,67%

latas de metal ferroso: 5,02%

isopor: 3,35%

plástico mole: 6,7%

plástico duro + PET: 41,05%

Material: 20 garrafas PET de refrigerante, garrafa de detergente, pote de fermento, pote de molho inglês, 2 copos de plástico de requeijão, pote de sorvete, garrafa de plástico de leite, 5 caixas Tetrapak de leite, 1 caixa Tetrapak de água de coco, 2 maços de cigarro, embalagem de papelão dos correios, 3 revistas, material publicitário, comprovantes bancários, caixas de ovo, caixa de gelatina, caixa de chocolate, caixa de sabão em pó, 2 latas de alumínio de refrigerante, 5 latas (sardinha, leite condensado, milho verde), embalagem de alumínio de desodorante, vidro de requeijão, caixas de isopor de ovos, de comida e de frios, sacolinhas plásticas, saco de arroz, sacos de salgadinho, saco de farinha, saquinho de queijo ralado, saco de batata palha, pacote de miojo, pacote de bis, saquinho de guardanapo

Márcia Marino, dona de casa, 50 anos

"Na semana, consumimos muito refrigerante porque teve uma festa, vieram os amigos dos meus filhos, as namoradas. Nem sabia quanto que eu produzia de lixo, não tinha ideia. Temos que procurar diminuir, tentar produtos com embalagens diferentes. Usar embalagens de vidro em vez de plástico, por exemplo. Aqui em casa a gente manda para reciclagem, leva o lixo para o ponto de coleta. Esta quantidade de lixo não está sendo jogada no meio ambiente. Mas acho que a prefeitura deveria fazer coleta, para as pessoas que não têm locomoção para ir até um ponto de coleta."

APTO 22

República com 5 universitários


Total: 2,36 kg

papel + papelão: 17,79%

Tetrapak: 11,01%

plástico mole: 11,86%

plástico duro + PET: 31,35%

latas de alumínio: 5,08%

latas de material ferroso: 3,38%

vidro: 19,49%

Material: 8 garrafas PET, pote de danone, pote de sorvete, pote de iogurte, pote de tempero, 2 garrafas de vidro de cerveja, latas de alumínio de cerveja, latas de refrigerante, latas de milho, caixa Tetrapak de suco e leite, embalagem de papelão para pizza, McDonald's, embalagem de cookies, maços de cigarro, comprovantes bancários e papel de caderno.

Júlio G. C., 30 anos, publicitário

"Pet, papelão, isopor, seja qual for a espécie de lixo que as pessoas produzam, a gente tem a consciência de que alguns materiais demoram centenas de anos para serem reabsorvidos. Mas será que as pessoas têm que pagar o preço de não consumir os produtos? Acho que é responsabilidade das empresas investir em pesquisa tecnológica, produzir material biodegradável e repassar o custo do valor de produção para os consumidores. Porque, com o aumento da população, o consumo vai ser sempre maior."

APTO 31
Mãe e filho adulto

Total: 0,90kg

papel + papelão: 43,33%

plástico mole: 12,22%

plástico duro + PET: 35,55%

isopor: 3,33%

Tetrapak: 4,44%

embalagens contendo alumínio: 1,11%

restos de madeira: 1,11%

Materiais: embalagens de sabão em pó, chocolate, bobina do rolo de papel higiênico, caixa de remédio, jornal, comprovantes bancários, isopor, garrafa de amaciante, garrafa PET de refrigerante, caixa de suco
embalagem de arroz, bisnagas, pão, sacolinhas.

Marina Ruocco, pedagoga, 52 anos

"Desde o ano passado, a gente começou a separar para a reciclagem. Levo o lixo no ponto de coleta, e não precisa levar separadinho, basta separar orgânico de inorgânico. Não tinha noção de quanto a gente estava acumulando, meu filho fica fora de casa o tempo todo e a gente acaba consumindo menos mesmo. Neste ano a gente tentou reaproveitar tudo aquilo que dava certo, por exemplo, vidro, latinha. Acho que a gente até que está no caminho certo, reduzimos nosso lixo."

APTO 32
Pai, mãe, filho de 10 anos, empregada doméstica


Total: 1,30kg

papel + papelão: 46,15%

plástico mole: 24,61%

plástico duro + PET: 16,92%

isopor: 4,61%

Tetrapak: 7,69%

Material: isopor, 3 garrafas PET, 2 potes de tempero, 6 potes de Danoninho, margarina, embalagem de papelão de congelados, caixas de ovos, bobina de rolos de papel higiênico, embalagem de papelão de batata frita de fast food, copo de papelão de fast food, sacola de papelão, papel de caderno, embalagem de papelão de sedex, embalagem de papelão de doce, embalagem de café, embalagens de remédio, panfletos publicitários, 3 caixas de leite e uma caixa Tetrapak de ervilha, sacolinhas de plástico, saco de arroz, saquinhos de doce e salgadinhos, pacote de miojo, pacote de chocolate, embalagem plástica de papel higiênico, saco de lentilha

Paula Ruocco, 25 anos, empresária

"Nós já encaminhávamos o lixo para reciclagem antes, então separar o lixo para O Estado foi fácil, porque não mudou nada na nossa rotina. Sempre tento comprar coisas que vêm com menos lixo - não gosto muito de embalagem de isopor, por exemplo, porque nao dá para reciclar - e tenho preocupação em evitar as sacolinhas, levo minha própria sacola de pano para fazer compras."

A mesa do delivery

Fast food, lixo gerado em 4 dias: 1,52 kg

Por restaurante e por peso

Pizza Hut: 0,58kg

McDonald's: 0,37kg

Habib's: 0,30kg

China in Box: 0,27kg

Paula Ruocco, 25 anos, empresária

"Os deliveries de fast food deveriam enviar embalagens recicláveis ou biodegradáveis e não investir em tantas caixinhas. Uma ideia é comer no restaurante no lugar de pedir em casa, para evitar uma parte do lixo."

Por material, por peso e por restaurante

Pizza Hut:

papelão: 86,2%

papel: 1,7%

plástico duro + PET: 10,3%

plástico mole: 1,7%

Materiais: papelão, garrafa PET, papel, duas mesinhas de plástico

McDonald's:

papel+papelão: 81%

plástico duro (copos): 16,2%

plástico mole: 2,7%

Material: 4 caixinhas de papelão, sacolas de papel, papel guardanado, embalagem plástica para guardanapo, embalagem de papel para canudo, canudos de plástico, 4 copos plásticos com tampa, 2 potes de plástico de molho

Habib's:

papelão: 73,3%

papel: 6,6%

plástico duro + PET: 20%

Material: 4 caixas de papelão, 1 potinho plástico e 1 garrafa PET

China in Box:

plástico duro + PET: 22,2%

papel+papelão: 59,2%

plástico mole: 7,4%

madeira: 7,4%

embalagens de alumínio: 3,7%

Material: 1 garrafa PET, 2 caixas de papelão, 4 caixinhas, 6 hashi de madeira, 2 saquinos plásticos de biscoito da sorte, saquinhos plásticos

terça-feira, 18 de maio de 2010

Prefeitura apresenta três novas intervenções urbanas

Prefeitura da Cidade de São Paulo - São Paulo/SP - NOTÍCIAS - 04/05/2010 - 21:34:57
Os três novos projetos urbanísticos para a cidade, Lapa-Brás, Mooca-Vila Carioca e Rio Verde-Jacu, têm como objetivo concretizar as diretrizes do Plano Diretor, que sugerem a ocupação de regiões da Orla Ferroviária que se encontram subutilizadas.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano divulgou, no último dia 29 de abril, na sede da Prefeitura, em São Paulo, três novos projetos urbanísticos para a cidade: Lapa-Brás, Mooca-Vila Carioca e Rio Verde-Jacu.As intervenções têm como objetivo concretizar as diretrizes do Plano Diretor, que sugerem a ocupação de regiões da Orla Ferroviária que se encontram subutilizadas. A ação aproximará emprego de moradia, diminuindo a necessidade de deslocamentos diários entre a periferia e o Centro.

Dois dos projetos ocupam o entorno da malha ferroviária, um entre os bairros da Lapa e do Brás, e entre a Mooca e a Vila Carioca. O terceiro e último é no extremo da Zona Leste e tem como objetivo a geração de empregos e a melhoria das condições de moradia na região. Questões ambientais também serão contempladas nas intervenções, com a criação de parques e parques lineares, aumento das áreas de permeáveis e melhoria da drenagem.

As diretrizes e propostas preliminares para as ações serão divulgadas nesta quinta-feira (6/5), durante um evento na sede do Instituto de Engenharia de São Paulo. A partir desses detalhes, a Prefeitura, por meio de licitação, vai contratar empresas para desenvolver os projetos que, além de tratar dos aspectos urbanísticos, ambientais, de transportes, de habitação e de viabilidade econômica, propiciarão a participação da sociedade. Dessa forma, busca-se criar uma visão conjunta para a transformação dessas áreas.

Operações Urbanas em vigor

As Operações Urbanas visam promover melhorias em regiões pré-determinadas da cidade por meio de parcerias entre o Poder Público e a iniciativa privada. As Operações Urbanas em vigor são: Água Branca (1995), Faria Lima (1995), Centro (1997) e Água Espraiada (2001). O objetivo estratégico da Operação Urbana Água Branca é promover o desenvolvimento da região de modo equilibrado, dando condições para que as potencialidades regionais sejam devidamente efetivadas.

A Operação Urbana Centro abrange as áreas chamadas de Centro Velho e Centro Novo, e parte de bairros históricos como Glicério, Brás, Bexiga, Vila Buarque e Santa Ifigênia. Esta operação foi criada para promover a recuperação da área central de cidade, tornando-a novamente atraente para investimentos imobiliários, comerciais, turísticos e culturais.

A Operação Urbana Água Espraiada integra o Complexo Viário Real Parque que abrange os bairros do entorno do Córrego Água Espraiada, na zona sul da cidade. O projeto tem como um dos seus principais objetivos revitalizar a região com a criação de espaços públicos de lazer e esportes.

Coleta seletiva só atinge 1% do lixo

Terça-feira, 18 de maio de 2010 - 11:03 DSP



Em 6 anos, total de material reciclado na capital aumentou 712%, mas volume reaproveitado ainda é baixo

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FABIANO NUNES

Em seis anos a cidade de São Paulo aumentou a coleta seletiva de lixo em 712%. Passou de pouco mais de cinco mil toneladas em 2003 para 37 mil toneladas em 2009. Mesmo assim o número é considerado tímido. A capital produz cerca de dez mil toneladas de lixo domiciliar todos os dias, mas apenas 1% desse total, cerca de 120 toneladas, faz parte da coleta seletiva.

O Japão, que possui um dos maiores índices de reciclagem do mundo, reaproveita 50% do seu lixo. Esse número no Brasil é de 8%, enquanto na Holanda chega a 39% e na Dinamarca esta em torno de 29%.

O diretor executivo do Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre) disse que nos últimos anos a cidade de São Paulo melhorou o sistema de coleta, mas é preciso avançar. “A Prefeitura já sinalizou que vai investir na melhoria da coleta seletiva. Ela deve cada vez mais incentivar a criação e a melhoria das cooperativas de catadores. Esse setor é parte importante da coleta e triagem de todo material reciclado na cidade”, disse.

De acordo com a secretaria municipal de Serviços, o Programa de Coleta Seletiva conta atualmente com 18 centrais de triagem, que possibilitam a a geração de renda, emprego e inclusão social para 1.049 pessoas.

Segundo Elisabeth Grimberg, coordenadora da área de ambiente urbano do Instituto Pólis e do Fórum Lixo e Cidadania, os catadores já conseguem coletar 40 mil toneladas de lixo reciclável por mês. “Nesse momento, 15% do lixo que está sendo gerado nem chega aos aterros, pois os catadores levam para as cooperativas e o material já é separado”, disse. Segundo ela, ainda faltam investimentos para a coleta seletiva. “A Prefeitura pagou R$ 542 milhões para fazer a coleta do lixo todo misturado e apenas R$ 6 milhões foram para a coleta seletiva. Faltam mais investimentos para as cooperativas. A gente defende que é preciso remunerar os catadores pela reciclagem.”

Segundo especialistas, uma parte do resíduos já está sendo desviada dos aterros — e mesmo do lixo doméstico — diretamente para o processo de reciclagem. É o caso das latas de alumínio. Segundo a Cempre, 91% das latinhas já são reprocessadas pela indústria. Hoje em dia, a lata de alumínio representa apenas 1% do lixo doméstico. O diretor executivo da associação afirmou que, mesmo assim, é preciso incentivar a participação da população na coleta seletiva. “De tempos em tempos é preciso renovar a comunicação, informando o horário da coleta porta a porta e onde o material pode ser encaminhado.” Vilhena disse que a Prefeitura também precisa ampliar a coleta.

No mês passado, a Justiça determinou que a Prefeitura realize a implantação progressiva da coleta seletiva em todo município em um prazo de 12 meses. A ação foi movida pela Defensoria Pública, com o Instituto Pólis, o Centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos e o Instituto Gea. A Prefeitura deve recorrer.

Pela sentença do Juiz de Direito Luiz Fernando de Barros Vidal, da 3ª Vara da Fazenda Pública da Capital, a Prefeitura deverá implementar o serviço em até 12 meses por meio de um plano a ser elaborado por um Conselho Gestor formado por catadores e representantes do poder público. O município deverá prestar assessoria jurídica, administrativa e operacional para a constituição de associações de catadores de material reciclável e contratá-las para execução do programa. “Com o orçamento que a Prefeitura destina hoje à coleta de lixo, já é possível melhorar o sistema de coleta seletiva”, disse Elisabeth, do Pólis.

Novas centrais de triagem
A Secretaria Municipal de Serviços informou que a Agenda 2012 tem uma série de metas para ampliar e melhorar a coleta seletiva de lixo na cidade de São Paulo. Segundo a pasta, a Limpurb tem participado de reuniões com a Caixa Econômica Federal (CEF) para a liberação de cerca de R$ 5,9 milhões do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do Ministério das Cidades, para a construção de dez novas centrais de triagem. A Prefeitura deve entrar com uma contrapartida de R$ 249 mil. Além desse valor, a administração pública cederá áreas para a construção das centrais.

O secretário de Serviços, Alexandre de Moraes, disse que o número da coleta seletiva ainda não é o ideal, mas argumenta que em seis anos houve um aumento de quase oito vezes. “É o ideal? Claro que não. Até por que é preciso fazer mais campanhas para conscientizar as pessoas. Não é todo mundo que separa o material reciclado”.

Um outro projeto da secretaria prevê a instalação de mais mil postos de entrega voluntária (PEVs) de material reciclado a partir do ano que vem. Atualmente, existem na cidade 3.811 postos, espalhados em condomínios, supermercados, estacionamentos e escolas.

Alexandre de Moraes destacou que a administração passou a incentivar também a reciclagem do material eletrônico.

“Hoje esse lixo corresponde a 5% do lixo do mundo. Muita gente compra televisão nova e não sabe onde descartar a tv antiga”, disse. A Central de Triagem de Lixo Eletrônico, que fica na Barra Funda, na Zona Oeste, prevê receber 50 toneladas de lixo eletrônico por mês.

Mercado gera R$ 12 bilhões
A reciclagem movimenta cerca de R$ 12 bilhões por ano no país, segundo o Compromisso Empresarial Para Reciclagem (Cempre). Segundo a associação, o setor pode crescer em curto espaço de tempo caso alguns gargalos sejam eliminados. Entre eles está o incentivo da participação popular, capacitação técnica, política fiscal e tributária coerente e definição do marco regulatório em nível federal.

“A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que deve ser votada esse mês no Senado, é fundamental, pois a partir do momento que é feito um plano de ações em nível nacional, institui e compartilha responsabilidades entre a sociedade, a administração pública e as empresas”, afirmou André Vilhena, diretor-executivo da Cempre.

O principal objetivo do projeto de lei que cria o PNRS, de autoria do deputado federal Ivo José (PT-MG), é criar um sistema em nível federal para a regulamentação do trato dos resíduos sólidos. A Cempre acredita que, com a aprovação do projeto, a coleta seletiva feita por meio de cooperativas será priorizada com novos investimentos. Segundo o projeto, para cada tonelada coletada pela administração pública no país, os catadores coletam cinco toneladas.

Em 14 anos, houve um aumento de 500% no número de municípios que desenvolvem algum programa de coleta seletiva no Brasil. Em 1994, eram 81 cidades. Esse número saltou para 405 em 2008.

A Cempre acredita que os programas de maior êxito são aqueles em que há uma combinação de coleta porta a porta, entrega voluntária e cooperativa de catadores.

Reforma não reduz lentidão de corredor de ônibus em SP

8/05/2010 - 06h00 FSP

da Reportagem Local
A velocidade média nos corredores de ônibus em São Paulo não melhorou nos horários de pico, embora a maior parte deles tenha sido reformada na gestão Kassab, informa reportagem de Ricardo Gallo, publicada nesta terça-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do jornal e do UOL).

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Nos horários de pico, a velocidade média continua igual em quatro dos sete corredores que foram recapeados nos últimos dois anos. Em dois deles, os ônibus estão mais lentos que em 2009. E só em um estão mais rápidos.

Em média, os ônibus andam a 17,2 km/h. Trata-se de índice inferior ao que a própria SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo na cidade) considera apropriado --18 km/h.

A pior situação está na zona norte, nos corredores Inajar-Rio Branco-Centro e no Pirituba-Lapa-Centro. Ali, o ônibus não passa de 12 km/h no pico.

Outro lado

A SPTrans não respondeu à Folha sobre a lentidão nos corredores -disse que teria de analisar a situação caso a caso e que não haveria tempo hábil para fazê-lo ontem.

A empresa disse que prevê reformas ainda neste ano nos corredores Campo Limpo-Rebouças-Centro e Inajar-Rio Branco-Centro.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

SP não avança em ranking de saneamento, diz estudo

AE - Agência Estado
A região metropolitana de São Paulo coleta 97% de seu esgoto, mas, sem redes coletoras suficientes, despeja nos Rios Tietê, Pinheiros, Tamanduateí e afluentes 18 milhões de litros por hora de sujeira - volume suficiente para encher 17 piscinas olímpicas. Esse descompasso faz com que a cidade de São Paulo não consiga avançar no ranking nacional de saneamento.

Estudo do Instituto Trata Brasil, que analisa investimentos feitos no setor em 2009, aponta a 22.ª colocação para a capital entre 81 cidades brasileiras com mais de 300 mil habitantes. Em 2007, São Paulo ocupava o 21.º lugar; em 2008, foi para 22.º. A lista tem como base dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades.

E o que impede a cidade de avançar? Desde 1992, o governo estadual gastou mais de US$ 3 bilhões na despoluição do Rio Tietê, mas isso não bastou para eliminar seu aspecto de esgoto a céu aberto. Apesar dos investimentos da Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) na ampliação da rede coletora - R$ 1,2 bilhão entre 2008 e 2009 -, a falta de tratamento também continua sendo a "pedra no sapato" da cidade. E a meta é resolver o problema só em 2018.

Defesa

Em nota, a Sabesp informa que é a única companhia estadual que possui cidades operadas entre as cinco primeiras colocadas do ranking do estudo do Instituto Trata Brasil, que analisa os investimentos no setor de saneamento no País: Franca (2.ª) e Santos (5.ª). De 2008 a 2009, a Sabesp afirma ter realizado mais de 64 mil novas ligações de esgoto na capital. O incremento, alega a empresa, teve impacto direto no volume de esgoto tratado. Em 2009, passou a limpar 496 bilhões de litros, o equivalente ao atendimento a 9,5 milhões de habitantes, 25 bilhões a mais do que no ano anterior.

"Em regiões de grande crescimento demográfico, a universalização dos serviços de saneamento é tarefa das mais complexas. Desde que teve início o Projeto Tietê, em 1992, o índice de coleta na Região Metropolitana saltou de 66% para 85% e o de tratamento, de 24% para 72%. Neste período, a população da Grande São Paulo pulou de 15 milhões para quase 20 milhões", diz a nota.

Na cidade de São Paulo, em 1992, aponta a Sabesp, 77% do esgoto era coletado e menos de 30%, tratado. A população do município era em torno de 9,5 milhões. Atualmente, mesmo com o incremento de mais 1,5 milhão de habitantes, a coleta está universalizada (excluindo favelas e áreas irregulares) e 75% do esgoto coletado é tratado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.