quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

De volta à natalidade – por Dráuzio Varella


O problema mais grave do país talvez seja o da natalidade entre a população pobre. Tenho consciência plena de que essa afirmação é considerada politicamente incorreta e que me traz problemas com certas alas da intelectualidade todas as vezes que a faço. 

Mesmo assim, vou insistir nela.

Nove meses de gravações de uma série sobre gravidez, realizadas para a TV em cinco cidades brasileiras, fortaleceram em mim a convicção de que, se não tomarmos providências imediatas, a violência urbana nas próximas décadas nos fará sentir saudades da paz que ainda desfrutamos em lugares como São Paulo e Rio de Janeiro.
Numa época em que dispomos de métodos eficazes de contracepção, o número de gestações indesejadas nas classes mais desfavorecidas é tão exagerado que cabe perguntar: por que razão os responsáveis pela elaboração de políticas públicas fogem desse assunto como o Diabo da cruz?

Além do descaso, só encontro duas explicações para a omissão: ingenuidade ou falta de coragem para contrariar a igreja.

A ingenuidade está na interpretação apressada das estatísticas que mostram queda das taxas médias de natalidade. Realmente, mesmo as mulheres mais pobres têm hoje, em média, menos do que a meia dúzia de filhos de 50 anos atrás. Mas, naquela época, 70% da população vivia em zona rural, onde a criança de sete anos já pegava na enxada para ajudar no sustento da família. Hoje, com 80% dos habitantes nas cidades, três ou quatro filhos pequenos por acaso contribuem para melhorar o orçamento doméstico?
Outra distorção ao analisar taxas médias está em não perceber o que acontece com determinadas subpopulações. Por exemplo, segundo o IBGE, as mulheres com formação universitária têm, em média, 1,4 filho (como nos países desenvolvidos), enquanto as analfabetas e as que cursaram apenas um ano escolar têm 5,6 (a mesma taxa da Namíbia).

O que mais choca, no entanto, é que não é preciso formação acadêmica para avaliar a gravidade do problema; a realidade está a menos de um palmo de nossos narizes. Quem de nós não conhece de perto uma mulher com muito mais filhos do que poderia sustentar? Casas sem reboco, mocinhas grávidas e criançada na rua saltam à vista de quem chega à periferia ou entra numa favela de qualquer cidade brasileira.
Não é preciso consultar o IBGE para constatar que existe uma epidemia de gravidez na adolescência no país, basta ir à sala de espera de uma maternidade do SUS. Na favela da Maré, a maior do Rio de Janeiro, elogiei a beleza da menina no colo de uma moça de cabelo cacheado. É minha neta, respondeu. Tinha 31 anos.

Cada bebê assim nascido tira a mãe da escola e empobrece a família dos avós, porque os homens de hoje dificilmente assumem paternidades não desejadas. Quem já pôs os pés numa cadeia sabe o quanto é difícil encontrar um preso que tenha sido criado em companhia de um pai trabalhador; a maioria esmagadora é de filhos de pais desconhecidos, ausentes, mortos em tiroteios ou presidiários como eles.
Os que menos filhos deveriam conceber são justamente os que mais os têm. Por quê? Por sem-vergonhice? Por maldade, só para vê-los sofrer?

Esses bebês indesejados pelos pais vêm ao mundo como conseqüência da ignorância e da dificuldade de acesso aos métodos de contracepção. Embora no papel o programa brasileiro de planejamento familiar seja considerado dos mais avançados, na prática ele chega capenga à população de baixa renda. As pílulas distribuídas nos postos de saúde são as mais baratas do mercado (e que mais efeitos colaterais provocam); os anticoncepcionais em adesivos a serem trocados apenas uma vez por semana, ideais para vencer a indisciplina das adolescentes como os estudos demonstram, não estão disponíveis; os dispositivos intra-uterinos (DIU) são virtualmente ausentes; e camisinha à vontade, só no Carnaval.

Conseguir vasectomia ou laqueadura de trompas pelo SUS, então, é o verdadeiro parto da montanha. Há que marcar consulta com os médicos, com a assistente social e com a psicóloga. São meses de peregrinação pelos corredores dos hospitais públicos que mães ou pais de cinco filhos são obrigados a fazer, para ouvir perguntas como: e se você se separar de sua mulher e se casar com outra mais jovem? E se seus filhos morrerem e você quiser outros?

Na cartilha que o Ministério da Saúde distribui às gestantes, está garantido acesso à laqueadura a toda mulher com mais de 25 anos que tenha dois ou mais filhos, gratuitamente, pelo SUS. Você sabia, leitora?

De que adianta garantir a existência teórica de um direito, se, na prática, ele é desconhecido por todos? Se o acesso a ele é vedado de forma tão cruel pela burocracia oficial, que até hoje são comuns práticas odiosas como as de políticos trocarem laqueaduras por votos em véspera de eleição, e médicos do SUS cobrarem por fora por esses procedimentos?

Que ideologia insana ou princípio religioso hipócrita justifica o fato de nossas filhas atravessarem a adolescência sem engravidar, enquanto as filhas dos mais pobres dão à luz aos 15 anos? Termos um ou dois filhos, no máximo, enquanto eles têm o dobro ou o triplo para acomodar em habitações precárias?

A falta de recursos para programas abrangentes de planejamento familiar é desculpa irresponsável! Sai muito mais caro abrir escolas, hospitais, postos de saúde, servir merenda, dar remédios e arranjar espaço físico para esse mundo de crianças. E, mais tarde, construir uma cadeia atrás da outra para enjaular os mal-comportados.

* Dráuzio Varella é médico oncologista, professor e escritor.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

MÍDIA & MEIO AMBIENTE
Entre "laranjas carbonadas" e transgênicosblue chips

Por Simone Silva Jardim em 17/2/2009

Tem ambientalista que aplaude com entusiasmo, mas dizer que todo o movimento é simpático aos esforços que várias companhias estão fazendo, mundo afora, para identificar a participação do carbono em sua cadeia de produção é exagero, e do grande.

Em Bradenton, na Flórida, a PepsiCo, proprietária da marca de sucos Tropicana, contratou especialistas em cálculos matemáticos para saber quanto um saudável copo de suco de laranja da marca contribui para o aquecimento global.

Foram mensuradas as emissões de todos os processos e tarefas que envolvem consumo energético, ou seja, desde o funcionamento da fábrica ao transporte do produto em caixas até o varejista.

Os resultados mostraram que as maiores fontes de emissão de GEE eram as próprias plantações de laranja, por consumirem grandes quantidades de fertilizantes à base de nitrogênio.

Só o tempo dirá

Um parêntese. Em sua fabricação, o fertilizante requer o uso de gás natural, podendo se tornar um potente gás de efeito estufa quando pulverizado sobre os pomares.

Quer saber o número que a PepsiCo acaba de divulgar? Para cada embalagem de aproximadamente dois litros de suco de laranja, é lançado o equivalente a 1,7 kg de dióxido de carbono na atmosfera. O suco de laranja perdeu a aura de produto saudável e ficará esquecido nas prateleiras? Não creio.

O dilema posto é outro: a PepsiCo vai ou deve divulgar este número em suas próximas campanhas de marketing?

O consumidor vai rejeitar o suco Tropicana, "iludindo-se" com outras marcas que não exibem esta informação no rótulo ou, pelo contrário, bebedores contumazes de suco de laranja vão privilegiar o produto da PepsiCo pela honestidade do fabricante em revelar este dado?

Bolas de cristal não funcionam e só o tempo dirá o destino deste fato novo.

Pisar em ovos

Ao lado de empresas como IBM, Nike e Coca-Cola, só para ficar nesses exemplos, a Pepsico quer reduzir gastos com energia e outros insumos, pois em tempos de crise financeira, aguda e global, este é o único caminho para manterem os preços de seus produtos competitivos.

Aquela outra razão, alardeada em discursos politicamente corretos e nos slogans e anúncios, "a de que são empresas que querem promover produtos de baixa emissão de carbono para agradar consumidores cada vez mais preocupados com o aquecimento global", é balela.

Lá e cá, consumidores já deixaram bem claro em pesquisas de opinião que, em tempos de orçamento minguado, o preço é rei e dita a decisão de tirar ou largar um produto na gôndola do supermercado.

E não é só isso. A mensuração de carbono, seja qual for a cadeia produtiva, ainda é como pisar em ovos. Os métodos hoje em uso são criticados por todos os lados – há os que vêem neles um puro "achismo" e outros um rigor fundamentalista.

Vícios e auto-engano

Os transgênicos não ficam do lado de fora desse campo minado. Aqui na Terra Brasilis, a consultoria Céleres foi contratada pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) para investigar os benefícios econômicos que culturas geneticamente modificadas de soja, algodão e milho podem trazer ao país. Essas culturas consomem muitos "defensivos", como afirma a Abrasem, que são dissolvidos e pulverizados com grandes quantidades de água.

Em dez anos – o estudo compreende o período entre as safras 2008/2009 e 2017/18 –, as referidas culturas transgênicas representariam uma economia "gorda" e sedutora demais: nada menos que 105 bilhões de litros de água deixariam de ser consumidos, volume suficiente para abastecer 2,4 milhões de pessoas ou, sob a ótica do "ecologicamente correto", uma economia de 2,1 milhões de toneladas de CO2 que deixariam de emporcalhar a atmosfera deste belo e frágil planeta Terra.

Tomando por base que não há neutralidade no campo da ciência e que pareceres encomendados podem ceder à tentação dos vícios e do auto-engano, resta-nos exercer plenamente nossa capacidade de homo sapiens sapiens, tendo "sofia" suficiente para avaliar "laranjas carbonadas" e transgênicos com performance de blue chips.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Balaio 200

13/02/2009 - 09:25

Imprensa: os dois lados do balcão

Qual a diferença entre trabalhar como repórter numa redação e exercer a função de assessor de imprensa?

 

Já fiz dezenas de palestras nos últimos anos para falar da minha experiência profissional nestes diferentes campos do jornalismo _ ou seja, sobre “os dois lados do balcão”, como se costuma dizer no jargão das redações.

 

A convite do meu colega Alcides Ferreira, diretor de comunicação da BM&FBovespa, estive lá na terça-feira para falar aos dirigentes desta instituição num pequeno seminário do qual participaram também os jornalistas Milton Gamez, da IstoÉ Dinheiro, Cristiane Perini Luchesi, do Valor Econômico, e Marcelo Mendonça, da TAM.

 

Tivemos todos uma bela aula sobre as origens e os desdobramentos da chamada crise econômica mundial dada pela Cristiane Luchesi, jornalista da maior competência, que fala de assuntos sérios sem nunca perder o bom humor.

 

Em apenas 15 minutos, aprendi mais com a palestra dela sobre o tema do que em todas as matérias e análises que já havia lido nos últimos meses em toda a nossa imprensa (tenho o péssimo hábito de não ler o Valor).

 

Descobri que para entender o que está acontecendo no Brasil e no mundo neste momento é preciso ler este jornal, principalmente as matérias da Cristiane.

 

Abaixo, autorizado pelo Alcides Ferreira, a quem agradeço, reproduzo a minha palestra, baseada em quatro pontos que ele me sugeriu, por entender que este é um assunto que interessa a todos os leitores e não apenas às fontes e aos profissionais de imprensa.

 

OS DOIS LADOS DO BALCÃO

 

1.   De repórter a assessor, o que demandava, que demandas atendeu.

 

Não tinha nenhuma experiência anterior como assessor de imprensa.

 

Quando exerci este papel, pela primeira vez, na campanha presidencial de 1989, depois de trabalhar por mais de duas décadas como repórter, tive que começar do zero.

 

E, como não sabia fazer de outro jeito, procurei fazer na assessoria exatamente o que fazia nas redações: garimpar informações e divulgá-las da forma mais correta possível.

 

 

A única diferença é que estas informações, em lugar de serem publicadas num jornal ou revista, eram fornecidas aos meus colegas jornalistas, de viva voz ou por escrito.

 

Uma das minhas primeiras tarefas foi acompanhar, por mais de um mês, as viagens internacionais do então candidato à Europa e América Latina, no início de 1989.

 

Nos países onde não havia correspondentes _ e, portanto, não havia como organizar coletivas _, eu preparava um texto sobre o dia do candidato, exatamente como se estivesse escrevendo para o jornal e o enviava para um colega no comitê, que o retransmitia por telex para as redações.

 

Alguns jornais regionais chegaram a assinar estas matérias/releases e reclamavam quando eu atrasava o dead-line…

 

Faria o mesmo ao longo da campanha em algumas regiões mais remotas do Brasil, pois, no início, poucos veículos mandavam enviados especiais para acompanhar o candidato do PT.

 

Como o próprio Lula é seu melhor porta-voz e excelente comunicador, embora não tenha diploma, meu trabalho no final da campanha consistia, basicamente, em marcar entrevistas e convencê-lo a atender à minha agenda de imprensa.

 

Assim seria também nas campanhas de 1994 e 2002, e nos dois anos em que trabalhei como Secretário de Imprensa da Presidência da República, em 2003 e 2004.

 

Para mim, tudo é jornalismo, tudo tem que ser bem feito, tem que ser honesto _ e não importa se estou trabalhando numa redação ou numa assessoria de imprensa.

 

A matéria prima é a mesma: a informação de qualidade, quer dizer, bem checada e confiável para divulgação.

 

Caso contrário, meu trabalho não serviria nem para o governo, nem para a imprensa.

 

Tanto isso é verdade, que, a certa altura do campeonato, o então candidato e depois presidente chegou a reclamar comigo, brincando:

 

“Você parece mais assessor da imprensa do que meu assessor de imprensa”.

 

Foi o maior elogio que recebi na minha breve carreira de assessor…

 

2.   Como é a relação com a imprensa: procedimentos, cuidados, focos.

 

No governo, procurava atender às demandas dos repórteres que faziam a cobertura da Presidência _ e são dezenas _ , indo atrás de informações nas diferentes áreas do governo e repassando-as à imprensa.

 

Desde o primeiro dia, tomei a decisão de não falar em “off”, nem dar informações exclusivas a ninguém.

 

Atendia a todos os jornalistas de qualquer veículo da mesma forma. Corria atrás de respostas para as perguntas que me faziam ou colocava-os em contato com quem no governo pudesse fornecer estas informações.

 

 

Na função de Secretário de Imprensa e Divulgação, procurei agir exatamente como esperava que os assessores agissem comigo quando era repórter: nunca tirá-los do caminho certo, mesmo quando a pauta era inconveniente ao governo, e ajudá-los na apuração das suas matérias.

 

Posso não ter sido muito eficiente neste meu papel de assessor-repórter, não fornecendo todas as informações que eles queriam, mas posso garantir a vocês que nunca passei uma informação errada a nenhum deles.

 

O problema é que muitos repórteres não iam atrás de informações em “on”, mas apenas de futricas em “off”, e tenho verdadeira ojeriza a este tipo de jornalismo, tanto como assessor como enquanto repórter.

 

Isto me causou problemas com alguns colunistas e repórteres especiais, antes habituados a falar diretamente com os presidentes, conversando por telefone ou sendo convidados a tomar um cafezinho no final da tarde no gabinete, onde garimpavam suas informações exclusivas.

 

O presidente Lula não fazia isso e, pelo menos nos primeiros tempos de governo, dificultou muito meu trabalho de agendar compromissos com a imprensa, especialmente entrevistas exclusivas.

 

Quando as coisas iam bem, ele achava que não precisava falar muito com a imprensa. E, quando iam mal, simplesmente não queria falar.

 

Como chegava a fazer dois ou três discursos por dia, achava que não precisava disso.

 

Neste ponto, o Franklin Martins teve mais sorte ou mais competência do que eu. Desde o início do segundo mandato, o presidente desandou a falar com a imprensa e já concedeu algumas centenas de entrevistas a Deus, ao diabo e a todo mundo.

 

E tenho certeza de que isso foi bom para o governo, bom para a imprensa e, portanto, bom para o país. Parabéns para os dois.

 

3.   A crise: a relação com a imprensa

 

No período em que trabalhei no governo, até não posso reclamar de grandes crises, diante do que viria depois, a partir de 2005.

 

Mas me lembro que sempre procurava me antecipar a elas, evitando, se possível, que acontecessem (conto alguns episódios no meu livro “Do Golpe ao Planalto _ Uma vida de repórter”, da Companhia das Letras).

 

Meu trabalho não se limitava a passar informações do governo para a imprensa, mas também conversar com os jornalistas para informar o governo sobre possíveis problemas que poderiam acontecer.

 

Naquela época, o grande Chico Buarque deu uma idéia muito boa, que, infelizmente, não foi levada adiante: a criação do Ministério do Vai dar Merda.

 

Tem certas coisas tão óbvias, como a gente vê muito nas vídeo-cassetadas do Faustão, que alguém precisa alertar os governantes sobre os perigos que correm de graça ao tomar certas decisões precipitadas.

 

Foi o caso, por exemplo, do episódio Larry Rother, que causou um enorme desgaste ao governo e, simplesmente, não precisaria ter acontecido.

 

Hoje já existem até rentáveis empresas especializadas em gerenciamento de crises, mas ainda acho que o principal papel de um assessor de imprensa é trabalhar até o limite do bom senso para evitar que estas crises aconteçam.

 

Por isso, defendo que os assessores de imprensa, em governos ou empresas, participem sempre do processo de decisão e não sejam chamados apenas para apagar incêndios depois que o estrago já foi feito.

 

 

4.   Regras de ouro para uma boa divulgação.

 

Não sei se o meu tempo já está estourando, mas este último item do roteiro me permite falar de uma regra de ouro que aprendi para uma boa divulgação.

 

Vale não só para o governo, mas para qualquer empresa ou instituição.

Não devemos nunca confundir divulgação jornalística com propaganda, um erro muito comum em todos os meios e latitudes.

 

Certa vez, até brinquei com meus colegas de governo, dizendo que a diferença entre jornalismo e propaganda é bem simples.

 

Jornalismo é tudo aquilo que a imprensa divulga e a gente acha ruim.

 

Propaganda é tudo aquilo que a imprensa divulga e a gente gosta.

 

Jornalismo é, por natureza, uma atividade crítica, investigativa, que procura denunciar o que há de errado para que seja consertado.

 

É fato jornalístico tudo aquilo que foge à normalidade, seja em qual campo for, como acontece nas tragédias naturais ou nas grandes crises econômicas.

 

Sei que isto varia de um veículo para outro, e hoje já não se respeita tanto aquela velha separação entre Igreja e Estado _ ou seja, entre a redação e o departamento comercial. As coisas mudaram muito neste campo.

 

Mas, se os dois lados do balcão estiverem agindo de boa-fé, é perda de tempo vender propaganda para jornalista e jornalismo para publicitário.

 

O que quero dizer com isso? Toda informação passada a um jornalista não pode ser de interesse apenas do governo ou da empresa.

 

Esta informação tem que ser, necessariamente, de interesse de toda a sociedade. Precisa apresentar um fato de interesse jornalístico.

 

Se o assessor não tiver esta informação, que busque alguém da instituição que lhe paga o salário para fornecê-la ao jornalista _ ou, então, simplesmente, diga que não está autorizado a falar sobre este assunto.

 

Antes que me perguntem se no governo poderia fornecer todas as informações de que dispunha, inclusive as que eram contra os interesses do governo, já vou logo respondendo que não.

 

Também nunca escrevi nada contra os interesses do Estadão, do JB, da revista Istoé, da Folha, da Globo, da Bandeirantes, do SBT, da revista Época, nem de nenhum outro veículo onde já tenha trabalhado.

 

Por isso é que continuo amigo de todo mundo dos dois lados do balcão e sei que tenho as portas abertas para voltar quando quiser.

 

 

Em tempo:

só depois de publicar o texto, me dei conta de que este é o post de número 200 do Balaio.

 

Na quarta-feira, dia 11, completamos cinco meses no ar, o que dá a média de 40 matérias por mês, mais de uma por dia, um recorde na minha já longeva carreira, que em outubro completa 45 anos.

A todos os leitores e colegas do iG, meu muito obrigado.