A cúpula do PSDB quer lançar candidato próprio à Prefeitura de São Paulo, no ano que vem, e já sondou até mesmo um nome para a disputa. Trata-se do ex-vereador Andrea Matarazzo, que deixou o PSDB em 2016, após 23 anos de filiação e um ruidoso embate com a ala do partido que indicou João Doria como candidato.
Matarazzo está no PSD de Gilberto Kassab, secretário de Governo na administração de Tarcísio de Freitas, mas parece interessado em retornar às fileiras tucanas para concorrer novamente à Prefeitura. Tanto é assim que terá novas conversas com dirigentes do PSDB neste mês de novembro.
Em 2020, Matarazzo foi candidato a prefeito de São Paulo pelo PSD e ficou em oitavo lugar. Antes, em 2016, concorreu a vice na chapa liderada por Marta Suplicy, que havia rompido com o PT e à época estava no MDB. Hoje sem partido, Marta é secretária de Relações Internacionais da Prefeitura.
A bancada municipal do PSDB trabalha para apoiar a campanha do prefeito Ricardo Nunes (MDB) a novo mandato, mas uma resolução aprovada recentemente pelos tucanos determina o lançamento de candidatos próprios em cidades com mais de 100 mil habitantes. O comando nacional do PSDB vai insistir no cumprimento desta ordem ao menos no chamado “Triângulo das Bermudas” (São Paulo, Rio e Belo Horizonte).
Desde sua fundação, o PSDB apresenta candidatos na capital paulista. Ganhou a Prefeitura com José Serra (2004), João Doria (2016) e Bruno Covas (2020). Nunes era vice de Covas, que morreu em maio de 2021.
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Leite intervém e dirigentes brigam na Justiça
Não é de hoje, porém, que o PSDB enfrenta uma crise de identidade sem precedentes e vem definhando pouco a pouco. No ano passado, sofreu uma grande derrota ao perder o governo de São Paulo, após 28 anos no Palácio dos Bandeirantes.
Atualmente, várias alas do tucanato se engalfinham com ações na Justiça. O presidente nacional do PSDB, Eduardo Leite, suspendeu a convenção estadual do partido, que ocorreria no domingo passado. Governador do Rio Grande do Sul, Leite determinou, ainda, que uma comissão provisória assuma o PSDB de São Paulo e marque novo encontro para abril de 2024.
Antes, o presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, também havia sido afastado, após desobedecer à cúpula do partido e realizar uma convenção à revelia do comando nacional, reelegendo-se para o cargo.
Leite, então, interviu no diretório. Para o lugar de Alfredo, ele escolheu Orlando Faria. Ex-secretário municipal da Habitação, do Turismo e da Casa Civil, Faria escreveu uma carta pública a Ricardo Nunes, em abril, na qual faz críticas fez duras críticas a ele.
“(...) Dedique-se menos às articulações eleitorais, como vemos quase que diariamente na imprensa e cumpra o Programa de Metas 2021-2024 da Gestão Bruno Covas, um legado construído em conjunto com a sociedade”, disse Faria ao prefeito. “Ou, pela falta de ousadia e de competência, revele-se para os eleitores. E assuma as consequências futuras de descumprir um compromisso público dessa magnitude.”
Todos os destituídos por Leite são ligados ao grupo do ex-governador João Doria, que deixou o PSDB após recuar de sua pré-candidatura à Presidência, no ano passado, emparedado pelo próprio partido. O grupo pretende ir à Justiça contra o governador gaúcho. Leite, por sua vez, também apresentou recurso para tentar reverter uma decisão judicial que considerou irregular sua reeleição à presidência do PSDB.
É nesse cenário de crise que Andrea Matarazzo avalia a conveniência de retornar ao ninho tucano para ser candidato. Com vasta experiência na administração pública – de presidente da CESP a ministro-chefe da Secretaria de Comunicação no governo Fernando Henrique Cardoso, passando por várias secretarias municipais e estaduais –, Matarazzo pode tentar marcar posição na corrida à Prefeitura.
Desde o ano passado, quando o PSDB desistiu de apresentar concorrente na disputa presidencial, os poucos tucanos históricos que restaram no partido têm repetido a seguinte frase: “Para time que não entra em campo a torcida não desfralda a bandeira.” Mas será que essa máxima vale mesmo em tempos de guerra?