domingo, 17 de dezembro de 2017

Cidades inteligentes e urbanização eficaz, por Cristiano Saito


Cristiano Lopes Saito é diretor de Desenvolvimento de Negócios para Veículos Leves sobre Trilhos na Alstom América Latina e promove soluções inovadoras de transporte através da integração de modais e reurbanização das cidades brasileiras
A população mundial tem um aumento diário de 100 mil pessoas e mais da metade delas vive em áreas urbanas. As projeções demográficas apontam para uma urgência nessas discussões e decisões. Projeções da ONU mostram que a população global deve chegar a 9,3 bilhões de pessoas até 2050, 66% dos quais morarão em áreas urbanas. Números tão grandes se refletem em demandas impressionantes em infraestrutura urbana. O rápido crescimento levou a problemas com locomoção e ao aumento da demanda por mobilidade. Estudo encomendado pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) revela que a falta de investimentos em transportes públicos, com o consequente aumento nos congestionamentos, diminui a qualidade de vida dos cidadãos e causa prejuízos anuais de R$ 111 bilhões à economia brasileira.
Além disso, a questão ambiental é premente. As emissões globais anuais do transporte urbano devem dobrar para o equivalente a quase 1 bilhão de toneladas anuais de CO2 até 2025, segundo a Agência Internacional de Energia. Como a energia consumida pelo transporte responde por 23% das emissões de CO2 do planeta (e de 70% a 90% do CO2 das grandes cidades brasileiras), é fundamental mitigar a poluição causada pelo transporte para atingir a meta mundial de limitar o aquecimento da Terra definida no Acordo de Paris.
Logo, encontrar soluções concretas para a expansão da oferta de transporte público com qualidade e sem emissão de gases de efeito estufa, que garantam o bem-estar da população, está no horizonte de todos os agentes responsáveis por direcionar as discussões em torno do desenvolvimento das cidades. O conceito de “cidades inteligentes” está diretamente ligado à infraestrutura e à capacidade do uso de tecnologias para a construção de serviços e ações sustentáveis. Uma cidade inteligente utiliza as tecnologias da informação e comunicação como propulsoras e, ao mesmo tempo, suporte para o aumento de eficiência operacional de seu centro urbano.
A possibilidade de integração dos projetos de mobilidade urbana no contexto de cidades inteligentes é uma nova porta que se abre. O poder público deve prever, monitorar e gerenciar as atividades da cidade em tempo real, buscando problemas que possam comprometer seu desempenho e sanando-os antes de eles acontecerem. Como mérito disso pode-se citar grandes projetos e ­investimentos focados no princípio do espaço público útil, conectando bairros que antes não entravam no eixo turístico e sempre buscando boas opções de transporte sustentável.
Um grande passo para isso no Rio de Janeiro foi a implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). Ele terá, ao final do projeto, 31 estações cobrindo 28 quilômetros. Conectando outros modais de transporte, as linhas do VLT já auxiliam consideravelmente a redução do trânsito no centro da cidade. Além disso, o projeto combina inovações tecnológicas importantes. Desenvolver um planejamento de mobilidade é bastante complexo para a engenharia urbana e deve se ba­sear em dados reais da cidade para ter sucesso. Há muitas dificuldades para tornar realidade grandes projetos como o de uma cidade sustentável.
Fazer vários órgãos compartilharem um mesmo sistema de comando e monitoramento que seja responsável por serviços públicos, por exemplo, é uma etapa árdua. No entanto, é extremamente válida a tentativa de se dissipar o conceito entre formadores de opinião, líderes e pessoas que realmente queiram fazer a diferença onde vivem. O importante é se pensar em fatores que possam contribuir para o desenvolvimento ou melhoria da cidade, que já é ou pode se tornar inteligente.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Acusados de pedofilia nos EUA terão passaporte com inscrição de 'criminoso' , OESP


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Caio Rivas, Advogado
Publicado por Caio Rivas
há 16 horas
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Cidadão americanos que forem acusados de pedofilia terão de apresentar um passaporte diferenciado quando forem viajar para outro país.
O Departamento de Estado dos EUA disse na quarta-feira, 1, que começaria a revogar os passaportes de pessoas acusadas de abuso infantil, e exigirá que eles se candidatem a um novo documento que apresentará a seguinte informação: "O portador foi condenado por uma 'ofensa sexual' contra um menor de idade e é um criminoso sexual, segundo a lei dos EUA".
A lei foi criada em homenagem a Megan Kanka, uma menina de 7 anos assassinada por um pedófilo em Nova Jersey em 1994. O caso ganhou enorme repercussão na época e levou à criação de vários registros estaduais de agressores sexuais de crianças.
O Departamento de Estado, que emite os passaportes dos EUA, disse que começará a notificar os acusados de pedofilia assim que receber os nomes do Departamento de Imigração, vinculado ao Departamento de Segurança Interna do país. Esse autarquia é a única encarregada de identificar os pedófilos, e somente ela pode adicionar ou remover alguém da lista de abusadores sexuais.
Até que as revogações sejam formalizadas, os acusados de pedofilia poderão viajar com seus passaportes atuais. Ainda não está claro quando os funcionários da imigração e segurança nacional disponibilizarão a lista com os nomes dos acusados. /AP
Fonte: O Estado de S.Paulo, 02 Novembro 2017 | 19h07

Dos agrotóxicos às secas e inundações, WASHINGTON NOVAES*, O Estado de S.Paulo


O Brasil utiliza vários dos já banidos na União Europeia pelos graves impactos na saúde


08 Dezembro 2017 | 03h00
É muito preocupante: segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Brasil é o país que mais consome agrotóxicos no mundo; mais de dois terços dos alimentos produzidos aqui são contaminados por esses agentes; nossos solos recebem, junto com sementes e mudas, “uma quantidade até 5 mil vezes maior de agrotóxicos que a permitida na Europa”, conforma recente estudo da pesquisadora Larissa Mies Bombardi, do Laboratório de Geografia Agrária da USP. Muitos dos ingredientes ativos consumidos no País já são proibidos nos Estados Unidos, na União Europeia, na China e no Canadá. Só entre 2000 e 2012 a venda de agrotóxicos no Brasil cresceu 288%. Monoculturas como a da soja concentram 80% dos produtos tóxicos agrícolas (Henrique Koifman, 30/11).
Mesmo na Europa, entretanto, o problema está presente. A polêmica mais recente está na renovação para uso, por mais cinco anos, do herbicida glifosato. No Brasil são muitos os projetos nessa área. E “oito brasileiros se intoxicam a cada dia com os produtos liberados”, pois nossa legislação na área é muito mais permissiva do que a europeia, por exemplo. Temos 504 agrotóxicos de uso permitido (Repórter Brasil, 2/12/17) para o café, cana-de-açúcar, citros, milho, soja, dos quais 30% proibidos pelos europeus estão na lista dos mais vendidos por aqui.
São muitos os produtos liberados entre nós, a ponto de já respondermos por 20% do que é comercializado mundialmente: entre 2000 e 2014 o consumo brasileiro passou de 170 mil toneladas anuais para 500 mil. Nos Estados do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Goiás e de Mato Grosso o consumo do herbicida glifosato está entre 9 e 19 quilos por hectare – e o consumo excessivo pode causar câncer de mama, necrose de células e redução do tempo de vida dos animais. A França já anunciou que banirá o glifosato até 2022. O país ainda permite até 2 quilos por hectare e a média brasileira está entre 5 e 9 quilos por hectare. O consumo maior de agrotóxicos no Brasil, entretanto, não aumentou a produção nacional de alimentos por hectare.
Os estudos na área informam que trabalhadores rurais são as principais vítimas de contaminação. Depois deles, moradores próximos de plantações, principalmente pulverizadas (no Estado de São Paulo 75% da área plantada é pulverizada). De acordo com a sanitarista Telma de Cássia dos Santos Nery, em entrevista recente a Sucena S. Resk (Instituto Humanitas Unisinos, 4/12), 24% dos anos perdidos por incapacidade e 23% das mortes prematuras no mundo podem ser atribuídos à exposição a riscos ambientais e ocupacionais “evitáveis”. A poluição do ar causou 8 milhões de mortes precoces em 2015 e é hoje a principal causa de mortes por complicações cardiorrespiratórias, entre elas arritmia, enfarte do coração e derrame cerebral – relacionadas com o meio ambiente e câncer do pulmão. No Estado de São Paulo o número de mortes (11.200 em 2015) causadas pela poluição é maior que o de óbitos provocados por acidentes de trânsito (2.867), câncer de mama (3.620) ou aids (2.922).
Nesse contexto, entre os principais fatores ambientais estão os problemas causados por consumo, uso de e exposição a substâncias químicas, principalmente agrotóxicos. O Brasil é o maior consumidor mundial desses produtos, desde 2008/2009. A Organização Mundial da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer já têm informado que os agrotóxicos são cancerígenos. E que o Brasil utiliza regularmente vários deles, alguns banidos na União Europeia por causa dos graves impactos na saúde humana. Já o SUS lembra que o gasto do Ministério da Saúde com tratamentos contra câncer cresceu 66% nos últimos cinco anos: R$ 2,1 bilhões em 2010 e R$ 3,5 bilhões em 2015. O número de doentes em tratamento no SUS passou de 292 mil em 2010 para 393 mil em 2015. Segundo outros estudos, para cada dólar gasto na compra de agrotóxicos, US$ 1,28 deve ser aplicado nos custos externos com tratamento de saúde; mais de 60% no tratamento de trabalhadores em plantações de cana-de-açúcar. Outros complicadores ainda: a área pulverizada no Estado de São Paulo é de 11,82% do total, 30% dos agrotóxicos utilizados são contrabandeados, a fiscalização apontou a presença de usuários em áreas de controle ambiental.
Os problemas no campo não se resumem a questões derivadas dos agrotóxicos. O Cerrado, por exemplo, perdeu nos últimos 15 anos 263 mil quilômetros quadrados – uma área equivalente à do Estado de São Paulo. Causas apontadas: expansão desordenada da fronteira agropastoril, incentivo insuficiente às pesquisas em defesa do bioma. Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, é preciso aumentar as áreas de proteção, ampliar a defesa dos recursos hídricos, explorar melhor o potencial farmacológico e dos cosméticos das plantas do cerrado.
Tudo isso adquire ainda um caráter de urgência, dado o agravamento de fenômenos climáticos, como, por exemplo, a maior sequência de anos com seca extrema em 12% da superfície terrestre do planeta, incluído o ano passado – a maior seca nos últimos 800 mil anos. O Nordeste brasileiro não fugiu à regra. Mas não apenas essa parte do território: em quatro anos, secas e inundações afetaram 55,7 milhões de brasileiros, mais de 25% da população nacional, com perdas de R$ 9 bilhões por ano (Instituto Humanitas Unisinos, 4/12). No Nordeste, de 2013 ao ano passado, 78,4% dos 1.794 municípios da região decretaram, ao menos uma vez, situação de emergência ou calamidade pública por causa da seca extrema. Outros 2.641 municípios decretaram emergência ou calamidade pública por causa de inundações e alagamentos – fenômeno que começa a repetir-se neste final de ano. “Este ano deve se confirmar como o pior do período chuvoso, o mais seco desde 1931, quando começou a série histórica”, diz Joaquim Gondim, superintendente da Agência Nacional da Águas.
Cuidemo-nos.