sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O Nosso Etanol


Por Arnaldo Jardim 


A cidade de Ribeirão Preto, interior paulista e principal pólo de produtor de etanol do País, foi palco de um momento histórico para o setor sucroalcooleiro. Diante de governantes, empresários, jornalistas e políticos, teve início a construção de um etanolduto que ligará a região à Paulínia, maior pólo de refino do Estado.
Trata-se de mais um passo no caminho rumo à liderança mundial no setor de biocombustíveis, possibilitando através de um melhor planejamento, estabilidade e previsi­bilidade da produção, atendermos a atual e futura demanda (interna e externa).
Pelo trecho de 202 quilômetros, que custará R$ 800 milhões, devem passar 12 milhões de metros cúbicos de etanol/ano. Está é a primeira etapa de uma obra que deve passar por regiões produtoras como Goiás, Minas Gerais, São Paulo e do Rio de Janeiro. No total serão 850 quilômetros que devem passar por 45 cidades, a um custo médio superior a R$ 5,6 bilhões, e que terá como destino final o porto de São Sebastião (SP). Quando estiver pronto, o etanolduto terá capacidade para escoar 21 milhões de metros cúbicos do biocombustivel.
Concomitantemente, o setor sucroenergético nacional vive a expectativa de que o Congresso dos EUA possa cortar os subsídios à produção de etanol de milho e as tarifas de importação que somados chegam a US$ 6 bilhões e vigoram há três décadas, o que praticamente inviabiliza as exportações do nosso combustível verde amarelo para o maior mercado consumidor do mundo. Atualmente, nosso etanol paga 2,5% sobre o valor comercializado e mais US$ 0,54 por galão (3,8 litros).
Em paralelo ao esforço da nossa diplomacia em abrir novos mercados para o etanol, via combate de das sobretaxas adotadas pelos países desenvolvidos, os trabalhos em prol da elevação das exportações de biocombustíveis também caminham em outra frente: a transformação do combustível em commodity. Para tanto, o governo e entidades representativas do setor tem se empenhado em exportar a tecnologia para produção de etanol em países da América do Sul, América Central e África.
Além disso, vale destacar a parceria entre o Governo do Estado de São Paulo e a Prefeitura de Piracicaba para a construção do Parque Tecnológico de Piracicaba (PTP), que terá até oito laboratórios, uma incubadora de empresas, universidade e centros de pesquisa, instalados em uma área de 680 mil m2.
Diante deste quadro, fica evidente que as demandas ficaram mais complexas, pois o setor sucro energético se tornou estratégico para o País. Por isso, o Legislativo terá um papel fundamental na elaboração e aprovação de propostas que sejam capazes de alicerçar o crescimento sustentável desta atividade econômica. Para tanto, defendo as seguintes propostas:
– Acabar com a insegurança causada pelo novo Código Florestal;
– Garantir a warrentagem como um instrumento anual, para evitar grandes oscilações de preços no período da entressafra.
– Fortalecer as comercializadoras e rever a atual estrutura de comercialização que pena liza o produtor;
– Estabelecer um tratamento tributário diferenciado para os biocombustíveis, com:alíquota nacional de ICMSIPI diferenciado; uso da CIDE como imposto ambiental e regulatório;
– O estabelecimento da bioeletricidade como fonte energética prioritária em complementa riedade à energia hídrica.
Para que as expectativas de mercado se confirmem, empresas, governos e o setor produtivo precisam estar atentos para as novas exigências de um mercado em formação: comer­cialização eficiente, respeito às normas socioambientais e investimentos permanentes em pesqui sa e desenvolvimento.

Deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) – membro da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados.
Comentário
Sem a regulação devida, e o uso da cide como reguladora, o sucesso do etanol/ açúcar se dá penalizando o consumidor nacional com impactos sobre a inflação. Veja reportagem do O  Estado de S. Paulo:

IBGE: inflação pelo IPCA-15 é de 0,86% em novembro

23 de novembro de 2010 | 9h 22
JACQUELINE FARID - Agencia Estado
RIO - A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor - 15 (IPCA-15) atingiu 0,86% em novembro, ante 0,62% em outubro. O resultado, divulgado hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou acima do teto das estimativas dos analistas, que esperavam inflação entre 0,66% e 0,77%. A mediana das previsões estava em 0,72%. Em 2010, o IPCA-15 acumula alta de 5,07% e, nos 12 meses encerrados em novembro, aumento de 5,47%.
Os produtos alimentícios aceleraram o ritmo de reajustes no IPCA-15 de novembro, com alta de 2,11% no mês, ante 1,70% em outubro. O grupo Alimentos e Bebidas contribuiu, sozinho, com 0,48 ponto porcentual, ou 56% do IPCA-15 de novembro. Houve alta de preços em vários alimentos com peso importante no orçamento das famílias. O destaque ficou com o item carnes, com aumento de 6,10% em novembro e impacto de 0,14 ponto porcentual na taxa mensal. Outros reajustes significativos ocorreram em feijão carioca (10,83%), açúcar cristal (14,05%), tomate (10,28%), batata-inglesa (9,96%), feijão preto (7,15%), farinha de trigo (5,76%) e açúcar refinado (4,50%).
Houve aceleração também nos preços dos produtos não alimentícios, grupo cuja variação chegou a 0,49% em novembro, ante 0,30% em outubro. Os destaques de alta ficaram com os combustíveis (2,22%), com aumentos no etanol (6,75%) e na gasolina (1,92%). Destacam-se ainda as altas nos gastos com empregados domésticos (1,34%), artigos de vestuário (1,17%), aluguel residencial (1,05%) e condomínio (0,88%). Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados de 14 de outubro a 12 de novembro e comparados com os vigentes de 14 de setembro a 13 de outubro de 2010. 



Brasil reinaugura o Novo Mundo


26 de novembro de 2010 | 0h 00
    Marcos de Sá Corrêa - O Estado de S.Paulo
O Brasil estreou nesta semana, em Madri, o modelo 2011 do Novo Mundo. Foi o primeiro país convidado a participar do Congresso Nacional de Meio Ambiente, uma bienal que, como seu nome está dizendo, desde sua primeira edição, lá vão quase 20 anos, foi um acontecimento estritamente "nacional". Ou seja, espanhol.
Chegar lá antes de todos os outros países latino-americanos, que falam a mesma língua dos anfitriões, não é pouca coisa. E a delegação brasileira fez o possível para valorizar seus trunfos, do pré-sal ao pós-Lula. Ouviu mais de uma vez dos espanhóis que seus recursos naturais dão "inveja". Em troca, um porta-voz da delegação brasileira declarou, modestamente, que seu país não tem a pretensão de resolver todos os problemas do mundo.
O congresso é, antes de mais nada, um foro de "negócios ambientais", embora corra em seus auditórios o ambientalismo puro-sangue dos colégios de físicos e de monastérios budistas.
Ali, só dá para vender autoconfiança com cautela. Ficou claro que a Amazônia terá de se render de uma vez por todas ao avanço das hidrelétricas, por exemplo. Mas as novas barragens serão construídas sobre plataformas fluviais, que prometem levar consigo os canteiros de obra quando a usina estiver pronta e deixar na retaguarda florestas recompostas.
Em suma, o Brasil conseguiu falar de crescimento numa Europa cada vez mais conformada com a ideia de que, queiram ou não, até os países ricos terão de aprender a viver com menos. E, se possível, viver melhor com menos.
O Palácio Municipal de Congressos ficou, durante os quatro dias de debates, inundado de folhetos sobre o futuro possível com a desordem climática. Só na Espanha, 7,5 mil quilômetros de ferrovias já viraram Vias Verdes, exclusivas para andarilhos e ciclistas. Entraram também nos roteiros turísticos as Vias Pecuárias, que são 4,2 mil quilômetros de caminhos milenares, traçados por pastores entre vales e montanhas.
Parques e bosques se multiplicam ultimamente, partindo quase do centro de Madri até os confins mais ásperos da Espanha. Na capital, cinco depósitos de entulho ferroviário foram reflorestados e ajardinados. E, no país inteiro, 300 administrações locais aderiram formalmente a um vasto protocolo de adaptação ao clima.
Com tantas prefeituras amarradas a metas estritas para o tratamento do lixo, o aproveitamento do metano como eletricidade, a devolução do esgoto ao estado de água potável ou ao fomento de energias alternativas, da eólica à geotérmica, o mercado não poderia ficar imune à mudança. Hoje, gravita ao redor dessa Rede Espanhola de Cidades para o Clima o comércio de soluções privadas para problemas públicos. Oferece desde casas que poupam eletricidade ou uma nova encarnação como "vidro ecológico" e cerâmicas finas a tubos de imagem de TVs e computadores obsoletos.
Foi nessa moldura de austeridade compulsória que o Brasil mostrou a fartura de seus recursos naturais. E nem era preciso percorrer os outros estandes. Bastava descer na estação de metrô mais próxima e reemergir a esmo em qualquer canto de Madri para dar de cara com uma capital europeia que, em nome do aperto, parecia mais dourada neste outono.
Porque plantou 15 milhões de árvores, encheu de flores suas alamedas, abriu na terra batida 286 quilômetros de passeios, tirou das ruas 385 mil carros particulares, embarcou mais 2,5 milhões de madrilenhos por dia no transportes públicos eletrificados e passou a tratar sua paisagem como um direito inalienável de todo cidadão.
Basta uma volta por Madri para sentir que no Brasil está faltando alguma coisa. Ou seja, a suspeita de que certas coisas podem faltar um dia. E é melhor que não façam falta. 

Tópicos: VidaVersão impressa

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cientistas fecham rachaduras em concreto usando superbactérias criadas em laboratório

Notícias - Infraestrutura/ Instituto de Engenharia

GizModo
Publicado em 19 de Novembro de 2010
Consertar danos no cocreto geralmente requer colocar mais concreto, ou tirar tudo e começar de novo. Mas graças a especialistas em germes da Universidade de Newcastle, bactérias personalizadas - "BacillaFilla" - podem ser o futuro dos reparos em concreto. 



As bactérias, uma vez lançadas em uma área com danos, se procriam e se espalham pelas rachaduras, e então morrem. Elas deixam para trás uma mistura de carbonato de cálcio, "cola bacterial" e seus próprios corpos filamentosos, mistura essa tão resistente quanto o concreto original. E não se preocupe: os pesqusiadores foram espertos o suficiente para criar dois mecanismos de reprodução nas bactérias. Um permite que elas se reproduzam apenas no concreto, porque só se dividem no pH específico dele. O outro mecanismo avisa quando o trabalho delas está feito, para não se rebelarem e cobrirem o mundo em carbonato de cálcio: 

As bactérias também contêm um gene autodestrutivo que evita que elas se proliferem para longe de seu alvo no concreto, porque um conjunto descontrolado de concreto bacterial que continuasse a crescer, apesar de todos os esforços para interompê-las, seria de certa forma incômodo.