A movimentada avenida 23 de Maio terá um bosque de quase 5.000 m² até o fim de janeiro. De acordo com a Prefeitura de São Paulo, a região deve contar com 357 mudas de árvores —até agora, segundo a Secretaria de Subprefeituras, foram plantadas 40.
O fragmento florestal é chamado de Bosque do Canário e está localizado após ao viaduto Doutor Manuel José Chaves, próximo ao Arcos do Bixiga, na região central. Por ali, serão plantadas árvores de 44 espécies da mata atlântica e do cerrado.
A região foi cercada em outubro de 2024. A prefeitura explicou, na época, que o local seria usado para a construção de um minibosque, com a previsão de entrega então até dezembro. A cerca ali seria provisória para a construção da área arborizada.
Um mês antes, a Folha tinha mostrado a formação de uma cracolândia naquele trecho.
Após a instalação das cerca, mesmo confinados, usuários insistiam em permanecer no ponto e estavam camuflados em meio aos pedaços de madeira fincados no chão. Eles tinham apenas um pequeno trecho aberto.
A prefeitura afirmou que as imagens da região mostravam "ocupações momentâneas ou periódicas, sobretudo por pessoas em situação de rua" no local. Também disse que 180 GCMs e 60 viaturas atuam dia e noite na região da cracolândia.
Em relação à construção do bosque, a reportagem voltou a questionar a gestão Ricardo Nunes (MDB) nesta sexta (3) se a obra tem como objetivo cessar o uso de drogas ao ar livre na região. Porém, até a publicação desta reportagem, a prefeitura não respondeu sobre esta questão.
Segundo a gestão municipal, um dos objetivos ao plantar espécies deste biomas é que os pássaros utilizem o bosque como um dispersor de sementes. O espaço não será aberto para visitação a fim de favorecer o desenvolvimento das mudas e não espantar a chegada dos animais.
A prefeitura espera que o bosque sirva como um fragmento florestal e um refúgio da biodiversidade na via. Também está em processo de implementação um jardim de chuva de 80 m², que visa captar as águas da chuva que vem das regiões mais altas.
Ainda segundo a gestão, há uma expectativa de que os restos de galhos, árvores e animais que caem no solo possam formar a Serrapilheira, uma camada de matéria orgânica deteriorada que conserva a fertilidade do solo.
O local foi escolhido devido à proximidade com o Bosque das Maritacas, que fica a pouco mais de um quilômetro do novo espaço. Assim, a prefeitura diz que busca formar um corredor de biodiversidade.
A expectativa é que o local diminua a temperatura da área, conhecida por receber um tráfego intenso de veículos durante boa parte do dia.
A cidade conta com outros oito Bosques de Conservação, localizados na Asa-Branca, Beija-Flor, Cambacica, Corruíra, Tuim, Periquito, Garça e Curicaca.