quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo e recicla apenas 1%, g1

 Por Tatiana Coelho, G1

 


Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo; apenas 1,2% é reciclado. — Foto: Adneison Severiano/G1 AM

Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo; apenas 1,2% é reciclado. — Foto: Adneison Severiano/G1 AM

O Brasil é o 4º maior produtor de lixo plástico do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Índia. O país também é um dos menos recicla este tipo de lixo: apenas 1,2% é reciclado, ou seja, 145.043 toneladas.

Os dados são do estudo feito pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF, sigla em inglês). O relatório “Solucionar a Poluição Plástica – Transparência e Responsabilização" será apresentado na Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-4), que será realizada em Nairóbi, no Quênia, de 11 a 15 de março.

Veja os números:

  • Brasil produz 11.355.220 milhões de toneladas de lixo plástico por ano
  • Cada brasileiro produz 1 kg de lixo plástico por semana
  • Somente 145.043 toneladas de lixo plástico são recicladas
  • 2,4 milhões de toneladas de plástico são descartadas de forma irregular
  • 7,7 milhões de toneladas ficam em aterros sanitários
  • Mais de 1 milhão de toneladas não é recolhida no país

O Brasil é um dos países que menos recicla no mundo ficando atrás de Yêmen e Síria e bem abaixo da média mundial que é de 9%. Dentre os maiores produtos de lixo plástico, é o que menos recicla.

Países maiores produtores de lixo plástico no mundo — Foto: WWF

Países maiores produtores de lixo plástico no mundo — Foto: WWF

"O fato de o Brasil está no 4º lugar como gerador de lixo plástico do mundo e reciclar somente 1% é resultado da falta de políticas públicas adequadas que incentivem a reciclagem em larga escala"- Anna Carolina Lobo, coordenadora do Programa Mata Atlântica e Marinho do WWF-Brasil.

"Mas também da adoção de um trabalho conjunto com indústrias para desenvolver novas tecnologias, como plásticos de uso único ou plásticos recicláveis, ou substituir o microplástico de vários produtos. Além da própria sociedade enquanto consumidora porque podemos mudar o cenário de acordo com nossas atitudes do dia a dia", explica Lobo.

Segundo a ONG, a poluição pelo plástico afeta a qualidade do ar, do solo e sistemas de fornecimento de água, já que o material absorve diversas toxinas e pode levar até 100 anos para se decompor na natureza.

Plástico: descarte irregular ameaça oceanos e ecossistemas — Foto: Pixabay

Plástico: descarte irregular ameaça oceanos e ecossistemas — Foto: Pixabay

O que fazer com tanto plástico?

Dentre as possíveis soluções estão a destinação correta, a reciclagem e a diminuição da produção de lixo plástico. O brasileiro produz, em média, 1 kg de lixo plástico por semana, uma das maiores médias do mundo.

Soluções como o banimento de canudinhos e descartáveis são boas iniciativas, mas o trabalho precisa ir além da proibição. Para Lobo, é importante reconhecer e valorizar esses projetos de lei, mas é preciso um trabalho com os estabelecimentos comerciais para que eles não continuem ofertando produtos plásticos e com o consumidor para que faça o descarte corretamente.

Para ela, os entraves no Brasil para uma taxa mais alta de reciclagem e descarte correto do lixo são muitos e passam por diferentes fatores: "Se a gente pensar que nem saneamento básico chegou para todo mundo, imagina a reciclagem. Tem também a falta de estrutura para fazer coleta seletiva em larga escala e a questão da educação ambiental de fazer a separação do lixo. E falta também uma conscientização por paste das empresas de que elas precisam ser responsáveis pelo produto durante todo o ciclo de vida".

Uma das ideias possíveis e mais baratas a curto prazo é voltar com o uso de embalagens retornáveis, como anunciado pelas gigantes da indústria alimentícia Coca-Cola e a Pepsico, que já testam em alguns países o serviço.

Plástico nos oceanos

Sem a destinação adequada, boa parte dos resíduos plásticos acabam nos oceanos. Segundo o relatório da WWF, o volume de plástico que chega aos oceanos todos os anos é de aproximadamente 10 milhões de toneladas, o que equivale a 23 mil aviões Boeing 747 pousando nos mares e oceanos todos os anos – são mais de 60 por dia.

Neste ritmo, até 2030, encontraremos o equivalente a 26 mil garrafas de plástico no mar a cada km2.

"De todo lixo encontrado no litoral brasileiro, a maior parte é plástico. Esse verão do fim de 2018/início de 2019 foi o recordista de animais mortos na costa brasileira- principalmente no litoral de São Paulo- e boa parte dos grandes mamíferos tinham plástico em seus estômagos", disse Anna Carolina Lobo, da WWF.

Exercício físico pode afetar o consumo de bebida alcoólica, NYT FSP

 


Gretchen Reynolds
THE NEW YORK TIMES

As pessoas que praticam exercícios regularmente e têm boa capacidade aeróbica tendem a consumir uma quantidade surpreendente de bebida alcoólica, segundo um novo estudo (bem adequado ao fim de ano) sobre a interação entre condicionamento físico, exercício e ingestão de álcool.

O estudo, que envolveu mais de 40 mil americanos adultos, concluiu que homens e mulheres ativos e fisicamente preparados são duas vezes mais propensos a consumir bebidas, moderada ou intensamente, que as pessoas fora de forma. Os resultados se somam a crescentes evidências de estudos anteriores —e muitas de nossas contas de bar— de que exercícios físicos e álcool frequentemente andam juntos, com implicações para os efeitos de cada um sobre a saúde.

Muitas pessoas, e alguns pesquisadores, poderão se surpreender ao saber o quanto as pessoas fisicamente ativas tendem a beber. Em geral, as pessoas que adotam um hábito saudável, como se exercitar, tendem a praticar outros hábitos salubres, fenômeno conhecido como agrupamento de hábitos. Pessoas ativas e fisicamente condicionadas raramente fumam, por exemplo, e em geral fazem dietas saudáveis. Assim, pode parecer lógico que as pessoas que se exercitam com frequência consumam álcool raramente.

Corredores na maratona de Nova York, em 2018
Corredores na maratona de Nova York, em 2018 - Karsten Moran/The New York Times

Mas diversos estudos nos últimos anos descobriram ligações estreitas entre exercícios e drinques. Em um dos mais antigos, de 2002, os pesquisadores usaram respostas de pesquisas de homens e mulheres americanos para concluir que os bebedores moderados, definidos nesse estudo como as pessoas que tomavam uma bebida por dia, tinham duas vezes maior probabilidade de se exercitar regularmente do que as pessoas que não bebiam. Estudos posteriores descobriram padrões semelhantes entre atletas de faculdade, que bebiam substancialmente mais que outros estudantes, uma população que não é famosa pelo comedimento.

Em outro estudo revelador, de 2015, 150 adultos mantiveram diários online sobre quando e quanto se exercitavam e consumiam álcool durante três semanas. Os resultados mostraram que nos dias em que eles mais se exercitavam depois também tendiam a beber mais.

Mas esses e outros estudos anteriores, embora ligassem consistentemente mais atividade física com mais bebida, tendiam a ser menores ou centrados nos jovens, ou usavam relatos um tanto casuais do que as pessoas contavam aos pesquisadores sobre seus exercícios e ingestão alcoólica, o que pode ser notoriamente não muito confiável.

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Assim, para o novo estudo, intitulado "Fit and Tipsy?" (Condicionado e cambaleante?, em tradução livre) e publicado recentemente na revista Medicine & Science in Sports & Exercise, pesquisadores do Cooper Institute, em Dallas, e de outras instituições recorreram a dados mais objetivos sobre dezenas de milhares de americanos adultos. Todos faziam parte do grande e extenso Estudo Longitudinal do Cooper Center, que examina a saúde cardiovascular e suas relações com vários fatores comportamentais e outras condições médicas.

Os participantes do estudo visitaram a Clínica Cooper no Texas para exames anuais e, como parte desses exames, fizeram testes de esteira rolante de sua capacidade aeróbica. Eles também preencheram extensos questionários sobre seus hábitos de exercícios e de bebida, e sobre se preocuparem com seu consumo de álcool.

Os pesquisadores obtiveram registros de 38.653 participantes maiores de idade que relataram beber pelo menos uma vez por semana. Os autores deixaram os abstêmios fora do estudo, porque queriam comparar pessoas que bebiam muito ou pouco.

Assim como em estudos anteriores, quanto maior o condicionamento físico das pessoas mais elas tendiam a beber.

As mulheres mais condicionadas eram aproximadamente duas vezes mais propensas a beber moderadamente que as mulheres com baixa capacidade aeróbica. O consumo moderado de bebida significava que as mulheres bebiam entre quatro e sete copos de cerveja, vinho ou destilados em uma semana típica.

Os homens mais condicionados tinham mais que o dobro de probabilidade de ser bebedores moderados —até 14 bebidas por semana— do que os homens que faziam menos exercício. Os pesquisadores consideraram os hábitos de exercícios relatados pelas pessoas e os adaptaram por idade e outros fatores que poderiam influenciar os resultados, e as probabilidades continuaram consistentemente maiores.

Os homens e algumas mulheres condicionados também tinham uma probabilidade ligeiramente maior de beber muito —definido como oito ou mais bebidas fortes por semana para mulheres e 15 ou mais para homens— do que seus pares menos condicionados fisicamente. De modo interessante, as mulheres condicionadas que bebiam muito com frequência relatavam preocupações sobre seu nível de consumo alcoólico, enquanto os homens condicionados nessa categoria raramente o faziam.

O que esses resultados podem significar para as pessoas que se exercitam regularmente para tentar manter a forma física?

Embora elas mostrem claramente que o condicionamento físico e um maior consumo de bebida andem juntos, "a maioria das pessoas provavelmente não associa a atividade física e o consumo de álcool como comportamentos relacionados", disse Kerem Shuval, diretor executivo de epidemiologia no Cooper Institute, que liderou o novo estudo. Assim, as pessoas que se exercitam devem estar cientes de seu consumo alcoólico, disse ele, até mesmo registrando com que frequência bebem a cada semana.

Médicos e cientistas não podem dizer com certeza quantos drinques podem ser demais para nossa saúde e bem-estar, e o total provavelmente difere para cada pessoa. Mas fale com seu médico se seu hábito de bebida é um motivo de preocupação para você (ou preocupa seu marido, sua mulher, amigos ou parceiros de treino)

É claro que esse estudo tem limites. Ele envolveu principalmente americanos brancos e mostrou apenas uma associação entre condicionamento físico e consumo de álcool, e não que um cause o outro. Ele também não pode nos dizer por que se exercitar pode levar a beber em excesso, ou vice-versa.

"Provavelmente há aspectos sociais", disse Shuval, quando colegas de time e de treino brindam com cervejas ou margaritas depois de uma competição ou sessão de exercícios. Muitos de nós provavelmente também colocam um halo de saúde em torno do exercício, fazendo-nos sentir que a atividade física justifica uma bebida a mais —ou três.

E, de modo intrigante, alguns estudos com animais mostram que o exercício e o álcool iluminam partes do cérebro ligadas ao processo de recompensa, sugerindo que se cada um por si só pode ser prazeroso, fazer os dois pode ser duplamente atraente.

"Precisamos de muito mais pesquisa" sobre os motivos da relação, disse Shuval. Mas por enquanto vale a pena ter em mente, especialmente nesta época festiva do ano, que nossas corridas, pedaladas ou malhações na academia podem influenciar com que frequência e entusiasmo brindamos ao ano novo.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves