segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Crescimento dos Católicos


Aumentam os discípulos de Cristo, apesar das perseguições
O Anuário Estatístico da Santa Sé revela que no período 2005-2012 houve um crescimento de católicos no mundo de 10,2%
Por Federico Cenci
ROMA, 29 de Maio de 2014 (Zenit.org) - O sangue dos mártires, dizia Tertuliano, é a semente de novos cristãos. Intuição muito certeira, a do célebre apologista que viveu entre o II e o III século. A história dos últimos dois mil anos, além do mais, é uma constante repetição das ferozes perseguições contra os discípulos de Cristo, os quais, no entanto, em vez de desaparecerem, aumentam.
O triste fenômeno na contemporaneidade é ainda mais grave. Em muitas partes do mundo existem perseguições sistemáticas, de forte intensidade e repletas de ideologia. De acordo com a Comissão episcopal da União europeia, os cristãos oprimidos no mundo são cerca de 200 milhões. No Ocidente, onde, aparentemente, os cristãos são livres para professar livremente a própria fé, muitas vezes, há formas diversas de perseguições, nas quais os valores próprios do cristianismo são constantemente julgados em nome de um, não melhor, laicismo.
História magistra vitae, afirmavam os contemporâneos de Tertuliano. E então, aos perseguidores de hoje seria suficiente dar uma olhada ao passado para compreender a inutilidade das suas ações. Significativo que, mesmo nesta época marcada por uma escalada de violência anti-cristã, o número de batizados continua a aumentar. De 2005 a 2012, os fiéis católicos aumentaram passando de 1.115 a 1.229 bilhões, um aumento de 10,2 por cento.
O dado foi publicado pelo Anuário Estatístico da Santa Sé nestes dias. A área com o maior número de católicos continua a ser a Europa (23% do total), enquanto o crescimento tem sido menos dinâmico do que em outras áreas do planeta. É precisamente na África – martirizada por atentados que atingem com muita crueldade as comunidades na Nigéria , República Centro Africano, no Quênia, Somália – onde se confirma o maior crescimento: aqui os fieis passaram de 13,8% em 2005 ao 16,2% em 2012.
Com 11% de católicos, a outra área que registra uma crescimento constante de batizados é a Ásia, depois do “continente negro” a segunda em perseguições. Apesar da difusão capilar das seitas evangélicas, se consolida depois a posição da América com o 49% dos católicos batizados no mundo. Estável também a incidência na Oceania.
Fala-se muito das vocações em declínio. Não se especifica, porém, que esta tendência negativa refere-se somente ao mundo ocidental. De 2005 a 2012, na verdade, o número total de sacerdotes aumentou em dois pontos percentuais. Passou-se dos 406.411 sacerdotes divididos em 269.762 diocesanos e 136.649 religiosos, aos 414.313, dos quais 279.561 membros do clero diocesano e 134.752 membros do clero religioso.
O crescimento é maior entre os seminaristas. Se em 2005 havia 114.439, em 2012 haviam 120.051, registrando um aumento de 4,9%. Liderando a classificação, neste caso, é a Ásia, com um crescimento de 18%, seguida da África, com o 17,6%, e da Oceania com 14,2%. Ligeira a diminuição na América (-2,8%), enquanto é consistente o declínio na Europa, onde de 2005 ao 2012 o número de jovens que entram no seminário sofreu um declínio de 13,2%. Uma análise detalhada dos dados relativos às vocações sacerdotais no mundo foi realizado por Vittorio Formenti e Enrico Nenna, do Departamento central de estatísticas da Santa Sé. (Trad.TS)

USP, estupros e metrô

FERNANDA MENA


Os episódios de violência sexual dentro da Faculdade de Medicina da USP assustam tanto quanto o comportamento institucional que se seguiu.
As denúncias de assédio, abuso e estupros foram recebidas pela direção da instituição com indiferença. Tudo indicava que os casos seriam varridos para baixo do tapete.
Essa arbitrariedade não é rara na gestão do principal centro de ensino e pesquisa do país, a começar pela escolha de seu reitor: nomeado pelo governador ainda que não seja o mais votado da universidade. É o clichê do encastelamento acadêmico: olha-se o mundo de cima sem muito apreço pelos contratos que regem a sociedade a sua volta. E tudo se resolve ali dentro.
Um dos casos mais graves dessa conduta não veio a público. Há cerca de dez anos, a USP foi procurada pelo metrô para discutir o projeto da linha que liga a região central à zona oeste, local de seu principal campus na capital.
Parecia natural que uma das estações estivesse dentro da Cidade Universitária, por onde passam, diariamente, cerca de 100 mil pessoas e cujo acesso não é dos mais fáceis.
A USP rejeitou o projeto. O sindicato de funcionários diz que o argumento seria a atração de "gente diferenciada", termo cunhado por moradores do bairro de Higienópolis para explicar por que não queriam metrô em seu território.
A ideia de que a parada atrairia forasteiros ao campus foi avaliada como complicador da já precária segurança local. E se sobrepôs às vantagens de criar um meio de transporte a alunos, professores, funcionários e outros.
Se o argumento da pureza surpreende quando aplicado pela elite de Higienópolis, o que dizer quando evocado por cabeças da principal universidade pública do país? Hoje, USP e metrô evitam o assunto.
A estação mais próxima, a Butantã, fica a um quilômetro do portão principal. De noite, após as 22h40, quando se encerram as aulas noturnas, é preciso coragem para percorrê-lo, a não ser em grupos. Nesse horário, o próprio campus é muito mal iluminado --condição, aliás, que favoreceu outros estupros e crimes ali.
O ônibus circular da universidade ganhou dos alunos um apelido digno de sua frequência e praticidade: secular.
O prejuízo é imenso.
A exemplo da sindicância aberta para apurar a gestão do ex-reitor João Grandino Rodas (2010-2013), que autorizou aumento de gastos com funcionários sem consultar ninguém e mergulhou a USP em sua pior crise financeira, é urgente tirá-la do isolamento.
Dar mais transparência ao que ocorre ali, seja nas festas da Medicina, seja nas reuniões da reitoria, é integrar a universidade ao mundo a sua volta. E, para isso, nada melhor, na prática e no imaginário, do que uma estação de metrô.

Pagamento da dívida consome 23% de tudo o que governo federal gasta

ver;  http://infograficos.oglobo.globo.com/brasil/mosaico-orcamentario.html





RIO - Enquanto o país acompanha debates acalorados no Congresso em torno da proposta de alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) — para liberar a presidente Dilma Rousseff das penalidades por gastar mais do que ela mesma havia previsto —, não é fácil dizer exatamente em que o governo gasta tanto. Para tornar essa resposta mais fácil, a Diretoria de Análise de Políticas Públicas (FGV/DAPP) desenvolveu o Mosaico do Orçamento, uma ferramenta interativa disponível na internet a partir de hoje que permite a qualquer cidadão visualizar onde vai parar o que sai dos bolsos dos brasileiros na forma de impostos. Logo na primeira visualização é possível constatar que, do total de R$ 1,8 trilhão em gastos autorizados no Orçamento da União em 2014, nada menos do que 23,1% vão direto para o pagamento de juros e amortização da dívida pública, entre outros encargos financeiros do governo federal. São R$ 410 bilhões que vão, na sua maioria, para as mãos de credores.
A segunda maior fatia do Orçamento, 22,7%, é consumida pelo Ministério da Previdência. A despesa com aposentadorias, benefícios e pensões este ano é de pouco mais de R$ 402 bilhões. Esse valor é quase o dobro do que gastam, juntos, os ministérios da Educação e da Saúde, que ficam com 5,6% e 6% de todo o Orçamento, respectivamente. Políticas sociais do governo como o Bolsa Família, a cargo do Ministério do Desenvolvimento Social, custam este ano R$ 69 bilhões, apenas 3,9% de todo o Orçamento.
Uma das principais características do Orçamento federal é o alto percentual de gastos obrigatórios, cujo destino é fixado por lei: quase 90%. Nesse quesito também entram os gastos com o funcionalismo público, que consomem 14% de todos os recursos do governo, R$ 241,7 bilhões só este ano — percentual apontado por outra ferramenta criada pela DAPP/FGV para funcionar em paralelo com o Mosaico, a Geologia Orçamentária. Com ela, é possível desmistificar o senso comum de que o gasto com salários é crescente no governo. Desde 2001, essa camada do Orçamento que engloba todos os órgãos públicos federais se mantém praticamente na mesma faixa. Já foi até um pouco maior. Em 2002, último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso, o funcionalismo custava R$ 73,5 bilhões, em valores corrigidos pela inflação oficial do período, 15% do Orçamento.
As ferramentas também revelam que a prática política brasileira de vincular gastos a determinados programas beneficiou de forma diferente as despesas com Educação e Saúde entre 2001 e 2014, período em que o Orçamento da União quase dobrou em termos reais. O bolo disponível para as despesas públicas saltou de R$ 918,4 bilhões para R$ 1,8 trilhão em pouco mais de uma década. A fatia do Ministério da Educação no Orçamento cresceu de 3,8% para 5,25%, principalmente na função ensino profissional, com programas como o Pronatec. Já a do Ministério da Saúde manteve-se praticamente a mesma: 6% do Orçamento, que hoje equivalem a pouco mais de R$ 107 bilhões.
Na pesquisa por função, aparece a alta do gasto em Assistência Social, que não tinha um ministério específico no governo FH. Em 2014, o Orçamento tinha R$ 68,7 bilhões para essa função, quase 4% do total, fatia três vezes maior do que a de 2001.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/pagamento-da-divida-consome-23-de-tudo-que-governo-federal-gasta-14699944#ixzz3KeffCsrF 
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