Neste 2022, o professor e economista Paul Singer completaria 90 anos. Cada vez mais suas reflexões, postura, ações e propostas são necessárias para reconstruir o nosso país. Por isso, criamos um instituto com o seu nome. Mais do que preservar o legado, buscamos reinventá-lo, atualizando, recriando e, assim, mantendo vivas suas ideias e teorias.
O Instituto Paul Singer reúne interlocutores e companheiros deste pensador cuja singular trajetória começa como operário engajado na luta sindical e termina como o primeiro e mais longevo secretário nacional de Economia Solidária. No caminho, uma longa carreira acadêmica, que passou pela economia, sociologia e demografia e produziu extensa obra composta por dezenas de livros e artigos publicados em diversas línguas.
Assim é que, dentre os companheiros do instituto, incluem-se intelectuais, gestores públicos, lideranças sociais e políticas de diversos países interessados na colaboração entre academia, movimentos sociais e Estado para a elaboração de propostas e iniciativas que possam efetivamente contribuir com a reorganização da vida econômica, social e política.
As análises históricas de Singer sobre o modelo de desenvolvimento econômico visam sempre apresentar alternativas, saídas que promovam a democracia, inclusão, justiça social e solidariedade. De fato, sua visão de mundo deu lugar a um programa que amplia a participação, reduz as desigualdades e promove a colaboração e o compromisso ético com o bem de todos, inclusive do planeta.
Aprendemos com Singer que só é possível enfrentar todas as formas de desigualdade e injustiça coletivamente. As saídas nunca são individuais, nem fragmentadas. A transformação necessária reconhece a complexidade e se direciona às diversas instituições sociais —Estado, empresas, sindicatos, escolas, famílias. A organização coletiva é o eixo impulsionador, capaz de superar o autoritarismo em todas as instâncias e criar outras possibilidades de realização humana.
Singer convoca ao resgate da política com sentido humano e ético. Como secretário de Planejamento da Prefeitura de São Paulo, entre 1989 e 1992 (gestão Luiza Erundina), liderou as ações do Orçamento participativo, colaborou na proposta de tarifa zero e na municipalização do transporte coletivo, na construção de moradias populares e na elaboração do Plano Diretor da cidade.
Como secretário nacional de Economia Solidária, de 2003 a 2016 (governos Lula e Dilma), liderou a elaboração de políticas que possibilitaram o fortalecimento de mais de 20 mil empreendimentos de economia solidária, envolvendo 1,5 milhão de trabalhadores associados em todo o país em fábricas recuperadas, cooperativas no campo e na cidade, assentamentos de reforma agrária e empreendimentos indígenas e quilombolas. A economia solidária inclui ainda cadeias produtivas orientadas pela realização humana e os cuidados com o planeta, não pelo lucro, além de feiras solidárias e da rede nacional de bancos comunitários e moedas sociais, que possibilitam que a riqueza circule entre as comunidades que a produzem.
O Instituto Paul Singer mantém viva essa memória e recria as contribuições do autor em diversos percursos formativos e estratégias para a produção de conhecimentos. Entre suas primeiras atividades, destacam-se um ciclo de debates celebrativo dos 90 anos, um curso e a parceria com o Conselho Federal de Economia em um prêmio para projetos de extensão universitária em economia solidária.
Em todas essas iniciativas, dialogam o melhor do saber científico com os conhecimentos e as experiências dos trabalhadores, das feministas, das periferias, dos negros, dos indígenas, dos camponeses e de todas as forças comprometidas com o bem comum.