terça-feira, 14 de março de 2023

Alvaro Costa e Silva - O castigo de Carluxo é voltar ao Rio, FSP

 Cinelândia, centro do Rio. O vereador Carlos Bolsonaro —de cabeça baixa, com pinta de paranoico, cercado de seguranças e andando rápido para não ser reconhecido— entra na Câmara Municipal usando a porta alternativa, na lateral do prédio. Ao flagrá-lo, um gaiato que almoçava no Amarelinho entoa a plenos pulmões a cantiga infantil: "Apareceu a Margarida, olê olê olá".

Em sua sexta legislatura, o filho 02 consegue ser um completo estranho no ninho. Se bobear, ele não sabe nem onde fica o Amarelinho, tradicional bar e restaurante ao lado da Câmara. Além de gaiato, o carioca que o chamou de Margarida é um privilegiado, pois viu o vereador chegar para um raríssimo dia de trabalho na cidade que o elege desde 2000, quando era apenas um adolescente de 17 anos e foi introduzido na política pelas mãos do papai.

Motivo de piada entre seus pares no Parlamento —"O Rio é a primeira cidade do Brasil que possui um vereador federal"—, Carlos passou os últimos quatro anos longe, em Brasília. Apontado por Bolsonaro como principal responsável por sua chegada ao Palácio do Planalto, em 2018, ele voltou a influir na campanha presidencial, comandando o gabinete do ódio e impulsionando a estratégia da mentira nas redes.

Investigado por lavagem de dinheiro, organização criminosa, com o sigilo bancário quebrado, refugiou-se depois das eleições nos EUA, onde nasceu sua filha Júlia. Cogitou pedir cidadania italiana para escapar da Justiça. Não houve jeitinho: retornou ao velho Palácio Pedro Ernesto na semana passada.

Já tem explicações a dar: por que usou o cartão corporativo da Presidência da República para trabalhar em home office durante a pandemia? Foram 11 diárias de hotel, em março de 2021, que custaram R$ 2.300 aos cofres públicos. Na época, atuando de maneira remota e recebendo salário na Câmara, Carlos Bolsonaro criticou o isolamento social. Estando em Brasília, é claro.

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