terça-feira, 30 de março de 2021

Cientistas estudam pessoas que não adoecem nem têm anticorpo para coronavírus, OESP

 Pablo Pereira

30 de março de 2021 | 15h49

Um casal que vive junto, dorme na mesma cama, e um tem covid-19 e o outro não. Pode isso? Pode, dizem cientistas. Há casos assim na breve história de pouco mais de um ano da doença em humanos.

A dúvida que desafia os médicos, nestes casos, vai além da constatação da existência dessas pessoas. O que os cientistas, que estudam a contaminação por Sars-cov-2, querem saber é como é possível que isso ocorra e por que a pessoa que não se contaminou não apresenta nem anticorpos contra o vírus.

“Queremos saber por que a pessoa não desenvolve anticorpos e como vai se comportar com a vacina”, explica a cientista Mayana Zatz, geneticista da USP, que está envolvida num projeto para tentar elucidar a resistência ao coronavírus.  “A pergunta é: será que ao tomarem a vacina essas pessoas vão desenvolver anticorpos ou vão continuar sem os anticorpos?”, questiona a geneticista.

Segundo ela, está sendo criado um grupo de pesquisas para um estudo de pessoas que se enquadram nesses casos. “A pessoa que quiser participar do estudo pode mandar e-mail para nós”, diz a médica, informando o endereço eletrônico –  estudocovid@mail.com – para o contato. A participação é voluntária, esclarece a cientista, que coordena Centro de Pesquisas sobre o genoma humano e doenças genéticas e que integra o Conselho Superior da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).

Ela conta que o objetivo do estudo é entender o comportamento imunológico dessas pessoas diante do vírus. E lembra do caso de um cidadão americano, John Hollis, que teve contato com a doença e desenvolveu um tipo de resistência especial. Ele não sofre os efeitos  devastadores do vírus, que mata milhões de pessoas afetadas pelo mundo. No Brasil, mais de 310 mil já morreram por causa da contaminação.

“O que queremos saber é exatamente o contrário de casos como o dele. Ele desenvolveu anticorpos e tornou-se resistente”, diz a médica. “Nós buscamos entender é o que ocorre com aqueles que, em contato com infectados, não desenvolvem a doença e nem anticorpos”.

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