segunda-feira, 2 de novembro de 2020

MARINA GROSSI O setor empresarial e o 'Green New Deal' brasileiro, FSP

 A recuperação da economia em bases mais sustentáveis e de baixo carbono ganhou um reforço público relevante com o embarque dos grandes bancos privados brasileiros. Itaú, Bradesco e Santander, que há alguns anos vêm avançando em medidas internas relacionadas à maior sustentabilidade, deram um novo passo, há dois meses, quando se uniram a mais de 30 líderes de grandes empresas e assinaram o Comunicado do Setor Empresarial Brasileiro, liderado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS).

Esse documento, lançado em julho, foi articulado em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), a Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove) e a Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas. Com uma só voz, as principais lideranças empresariais do campo e da cidade de todo o país defenderam uma forma de fazer negócios em que produzir riqueza e preservar o meio ambiente são ações integradas e permanentes.

Marina Grossi
Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) - Divulgação

Nosso movimento pede o combate inflexível ao desmatamento ilegal, atenção às comunidades locais, desenvolvimento de um mercado de carbono no Brasil e que investimentos e políticas públicas sejam desenhados para impulsionar a transformação da economia nacional rumo a um modelo de desenvolvimento sustentável. Além de aumentar a proteção de nossos recursos naturais, podemos ao mesmo tempo liderar a nova economia mundial, explorando soluções baseadas na natureza.

A manifestação inédita de apoio dos grandes bancos nacionais a esse movimento, que hoje já soma mais de 80 instituições, comprova que há interesse e capital para financiar a transição, que pode agregar R$ 2,8 trilhões ao Produto Interno Bruto brasileiro e gerar 2 milhões de empregos nos próximos dez anos, de acordo com estudo recente do World Resources Institute Brasil.

Foi assim na Europa. O novo pacto ecológico da União Europeia prevê a injeção de 1,8 bilhão de euros em projetos e iniciativas voltados para uma economia de baixo carbono. Esse é o novo tabuleiro dos negócios no mundo, e o Brasil pode vencer muitas partidas do jogo.

Ao se unirem com dez propostas para o desenvolvimento econômico da Amazônia, Bradesco, Itaú e Santander deixaram claro que o sistema financeiro está ao lado da sociedade civil na proteção à nossa biodiversidade como ativo econômico vital para as próximas décadas. Por isso, os bancos apoiam um mercado de ativos e instrumentos financeiros de lastro verde, investimentos na infraestrutura básica de desenvolvimento social e estímulo a cadeias sustentáveis do bioma, como o cacau, o açaí e a castanha.

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O Banco Central fornece um sinal inequívoco ao adotar uma vertente sustentável em sua agenda de modernização do sistema financeiro: o retrato da economia não será mais de uma fábrica com chaminés, mas sim uma fotografia verde que destaca pessoas e comunidades tradicionais.

A chegada dos maiores bancos à Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, que reúne mais de 200 instituições do setor privado e da sociedade civil, reforça nossa convicção de que se formou a frente mais ampla da história por um novo pacto social e ecológico: um “green new deal” brasileiro.


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